Levantamento do Instituto Locomotiva mostrou que de fevereiro do ano passado até agora, aumentou em 11,4 milhões o número de pessoas que recorrem aos aplicativos para garantir parte ou a totalidade de sua renda. Com isso, subiu para 32,4 milhões (20% da população adulta do Brasil ou cerca de 32% da população economicamente ativa, PEA) o número de pessoas que utilizam algum tipo de aplicativo para trabalhar. Em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, eram 13%, assinala a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A entidade avalia que, embora as plataformas digitais sejam vistas como forma de facilitar o intercâmbio entre o trabalho, o consumo e a produção, há uma relação perversa para com os trabalhadores e até mesmo com os pequenos negócios que vêm sendo “engolidos” pelas grandes empresas de e-commerce.
O engenheiro e professor do Instituto Federal Fluminense (IFF) Roberto Moraes estuda desde 2016 essas mudanças nas relações de trabalho e na economia, que ele chama de “plataformismo”.
Dos 32,4 milhões que têm renda via aplicativos, 16% afirmaram que essa tem sido a única fonte de renda. Para outros 15%, os aplicativos respondem por metade dos ganhos; 24% usam os apps apenas para um trabalho eventual, como dar um impulso às vendas de um negócio que existe fora do mundo virtual, por exemplo.
O professor do IFF chama a atenção que o imenso contingente de trabalhadores obedece a um chefe invisível. Ele não em acesso a uma pessoa de carne e osso, ele não tem com quem reclamar e justificar suas possíveis falhas e faltas. “É uma mudança colossal, o chefe dele, o capataz, não é mais o seu João, é o celular, é o algoritmo e ele passa a ter relação meio lúdica, que não teria no chão da fábrica”, ressalta Moraes. Página 4
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