A expectativa do Brasil é fechar este ano com um crescimento de cerca de 15% nos processos de fusões e aquisições em comparação ao ciclo anterior, quando o país registrou volume superior a 1.500 processos, segundo dados da KPMG. Na ocasião, relatório da Deloitte apontava que 46% das empresas consultadas pretendiam fazer esse movimento nos próximos cinco anos. Essa união de números nos leva a entender um pouco melhor o cenário dos negócios no Brasil.
Em meio a esse movimento de mercado que visa prioritariamente crescimento acelerado ou adoção de novos conhecimentos e tecnologias — para crescer também — dois fatores requerem um olhar apurado: o interesse cada vez maior das médias empresas por essa estratégia — e, neste ano, presenciamos um movimento acentuado do middle market nesse sentido — e a necessidade de um processo de análise mais profundo antes da tomada de decisão.
Esse último fator está alicerçado nas consequências do histórico de fusões e aquisições. Ainda com base no relatório da Deloitte, 35% das empresas que seguiram no movimento de fusões e aquisições disseram ter atingido parcialmente os seus objetivos, e entre as frustrações estiveram: precificação incorreta da transação e expectativa distorcida sobre o desempenho futuro da empresa.
Isso mostra que, após definir fusões e aquisições como uma estratégia para a sua empresa, é preciso adotar um processo de due diligence — análise — profundo e preciso para mitigar riscos. Comprar uma empresa requer mais do que querer crescer. É preciso analisar aspectos que vão do financeiro à cultura organizacional. Afinal, estamos falando de dinheiro, pessoas e comportamentos. E um fator intangível essencial que poucos analisam, em meio a esse cenário, é a inteligência a ser angariada.
O que está por trás dos números? Quem são as pessoas a serem incorporadas? Unir-se a outra marca, cultura organizacional e modus operandi é um desafio necessário para atingir os objetivos de negócio e uma oportunidade de ir além do óbvio; afinal, novas cabeças vão se juntar, novas ideias serão compartilhadas. E, afinal, sua empresa está preparada para isso?
Aí vem outra pergunta: você vai promover uma fusão ou aquisição com seu concorrente, fornecedor, player de outro segmento ou cliente? Responder essa pergunta é mais sensível do que se imagina. Afinal, para ter uma resposta clara, é preciso saber de forma cristalina qual frente lhe fará crescer realmente. Isso está atrelado a enxergar seus pontos de melhoria e oportunidades.
Compartilho aqui alguns pontos que podem lhe auxiliar na definição: você pode complementar uma área de negócio, querer ampliar sua atuação para novos mercados, incorporar novas tecnologias, ajustar seu portfólio de produtos e serviços, ou mesmo redirecionar a estratégia do negócio. Esse ponto deve estar bem claro na sua estratégia para que a jornada seja vantajosa.
Em suma, crescer requer arrojo: definir um objetivo claro, ter ao lado as ferramentas necessárias para as análises que vão oferecer informações precisas e minimizar riscos, além de aproveitar as oportunidades do mercado. 2024 vem se colocando como o ano do crescimento, e 2025 vai trazer ainda mais necessidades e oportunidades. Expandir deixou de ser capricho e hoje é uma das principais estratégias de sobrevivência, principalmente em mercados competitivos e para médias empresas que navegam em mares turbulentos, invariavelmente.
Rodolfo Oliveira, CEO da XR Advisor