Segundo CBIC, o principal problema do setor, pelo terceiro trimestre consecutivo, continua sendo taxa de juros muito elevada
Sondagem prevê menor ritmo de atividades da construção
Conforme previsto pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e anunciado na coletiva de imprensa no dia 11 de abril, foi confirmada a redução do nível de atividade da construção em março, resultado da taxa de juros, que inibe o crédito. A Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC, e divulgada nesta segunda-feira, indica que o nível de atividade da construção reduziu no primeiro trimestre de 2023, alcançando 46,7 pontos.
Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, esse foi o pior resultado médio trimestral desde o período de janeiro a março de 2021 (45,6 pontos). Apesar de em março a atividade ter alcançado resultado (49,5 pontos) melhor do que fevereiro (46 pontos), há cinco meses consecutivos os números ficam abaixo de 50 pontos, o que indica queda da atividade.
Com isso, a confiança dos empresários do setor continuou reduzindo e encerrou o mês de abril em 50 pontos, o que fez a média dos primeiros quatro meses do ano ser de 50,6 pontos, resultado distante dos alcançados no mesmo período dos anos anteriores, e próximo ao registrado em 2017 (50,7 pontos).
Ela reforça que o principal problema da construção, pelo terceiro trimestre consecutivo, continua sendo a taxa de juros muito elevada.
“Desde o terceiro trimestre de 2022 os empresários do setor estão destacando essa questão. De janeiro a março de 2023 observou-se que 37,4% das empresas assinalaram isso, o que correspondeu a um aumento de 6,8 pontos em relação ao trimestre anterior” disse.
A especialista ressalta que, com isso, a caderneta de poupança, uma das principais fontes de financiamento imobiliário, está perdendo recursos. Na divulgação dos resultados do setor, referentes aos primeiros meses do ano, a CBIC já chamou a atenção para esse problema lembrando que em 2021 a perda de recursos foi de R$ 34,755 bilhões, em 2022 foi de R$ 80,944 bilhões, e somente nos primeiros três meses de 2023 a poupança já perdeu R$ 41,459 bilhões, o que certamente é uma fonte de preocupação.
Vasconcelos ressalta ainda que a falta ou o alto custo dos insumos continua em patamar elevado e alcançou 21,3% das assinalações, ficando como terceiro pior problema do setor.
“Embora desde setembro de 2022, o custo com os insumos venha registrando relativa estabilidade, a análise do Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) demonstra que, de julho de 2020 até março de 2023, o aumento do custo com materiais e equipamentos alcançou 52,21% enquanto a inflação oficial do País, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foi 24,11%. Ou seja, conforme a CBIC vem destacando, o custo com insumos continua em patamar muito elevado”.
“Esses resultados, alinhados a queda da intenção de investimento da construção, conforme demonstra a Sondagem, confirmam a preocupação da CBIC com o resultado do setor em 2023. Em dezembro de 2022 a entidade projetada alta de 2,5% para o PIB do setor. Essa projeção foi revista, agora em abril, para 2%”, completa.