O presidente da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), Luis Villordo, disse que não conseguem chegar a um acordo com o Brasil para contratar a energia de Itaipu. O problema já havia desencadeado uma crise política que quase derrubou o governo de Mario Abdo.
Villordo mencionou que as reuniões com os representantes da Eletrobras são boas e estão progredindo, mas que não conseguem chegar a um acordo sobre a compra de energia da usina de Itaipu. “Ainda não há acordo (com o Brasil para a compra de energia). Temos um lote de reuniões esta semana”, explicou ele nesta quarta-feira.
Embora não haja prazo para concluir as negociações, Villordo esclareceu que devem chegar a um acordo antes do final deste ano. Os técnicos não chegaram a um acordo desde o final de 2018.
Os brasileiros questionaram os níveis de contratação do Paraguai, porque a empresa paraguaia acabou pagando menos por energia comprando os excedentes, que custam menos que a modalidade garantida.
Na ausência de um consenso entre ambas as partes, a discussão foi encerrada meses atrás, a pedido do Ministério das Relações Exteriores, e um acordo foi assinado em 24 de maio com o Brasil. Isso levou à renúncia de Pedro Ferreira, agora ex-chefe da Ande.
O ato bilateral foi assinado em segredo, o que gerou indignação por parte dos cidadãos, renúncia de altos funcionários do governo, uma investigação tributária e a criação de uma Comissão de Investigação Bicameral (CBI) para avaliar o que aconteceu.
Villordo disse que atualmente todas as reuniões são realizadas no campo técnico e que nesta quinta-feira elas retornam ao diálogo com os representantes da Eletrobras.
Outra conseqüência da assinatura do documento foi a instabilidade política, uma vez que o presidente da República, Mario Abdo Benítez, e o vice, Hugo Velázquez, estavam prestes a enfrentar um julgamento político.
A investigação conduzida pela CBI não conseguiu unificar a conclusão sobre quem tinha a responsabilidade na negociação pelo poder da Binacional Itaipu. As conclusões serão apresentadas às duas casas do Poder Legislativo e enviadas ao Ministério Público.