Pouco menos de mil funcionários, cerca de 7% do quadro efetivo, fica com 30% da folha de pagamento da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Destes, 302 funcionários de alto escalão ganham salários acima do teto estadual, atualmente em R$ 23.048,59. Em doze meses, o montante gasto apenas com o excedente sobre o teto estadual chega a R$ 18 milhões.
Os dados foram obtidos pela reportagem da RBA por meio da Lei de Acesso à Informação. Entre junho e julho, alegando problemas financeiros, o Metrô chegou a cortar 10% dos salários dos trabalhadores, além de propor alterações no acordo coletivo de trabalho dos metroviários, reduzindo benefícios e direitos. A medida foi impedida pela mobilização da categoria.
O Metrô mantém 448 profissionais que ganham gratificação de função e 144 em cargos classificados como Ad Nutum, de livre provimento pelo governo paulista. De acordo com os metroviários, as gratificações de função chegam a R$ 8 mil por mês.
“Se considerar todo o alto escalão da companhia, são quase R$ 300 milhões por ano, o que poderia pagar praticamente seis meses de salário do restante da categoria”, criticou à RBA o diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) Alex Santana Vieira.
A reportagem constatou que o Metrô sofreu prejuízo considerável por conta da pandemia de coronavírus, que levou à redução da circulação de pessoas na cidade de São Paulo. No primeiro semestre deste ano, o déficit chegou a R$ 903 milhões, 112% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.