A complicada estratégia de defesa de Israel

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O Estado de Israel, desde sua fundação, em 1948, patrocinado pela ONU, em cumprimento ao compromisso dos “grandes” vitoriosos da 2ª Guerra Mundial, sempre foi violenta e militarmente rejeitado pelos países árabes da região.
A criação do Estado de Israel teve por objetivo atender a uma antiga reivindicação do povo judeu por voltar a possuir um território. Era um povo sem território, espalhado por todo o mundo após a sua expulsão da região Palestina (por ocasião do chamado Holocausto) e perseguido em vários países.
A instalação do novo Estado provocou imediata repulsa da comunidade palestina que ocupava a região, apoiada por todos os países árabes vizinhos do novo território soberano que ali foi estabelecido.
Israel, nestes seu pouco mais de meio século de existência, já sofreu três grandes tentativas bélicas de seus vizinhos árabes, visando expulsá-lo da região, as guerras de 1949, de 1956 e de 1967. A todas repeliu vitoriosamente e como resultado ampliou o seu domínio territorial.
Seu grande aliado político é o governo de Washington, embora este nunca tenha participado diretamente de suas guerras com os vizinhos.
Atualmente vem se acentuando a rivalidade entre Israel e todo o mundo árabe, em apoio ao povo palestino em guerra sangrenta contra o governo de Tel Aviv. Trava-se ali uma guerra assimétrica em relação ao poder militar dos contendores, face a poderosa e moderna força militar israelense. Os palestinos, praticamente desarmados, vêm opondo as táticas de retaliação guerrilheira, a “intifada” e o terrorismo suicida.
A situação de massacre impiedoso, de lado a lado, vem preocupando a ONU e particularmente o governo dos Estados Unidos, que tem apresentado várias propostas de um acordo de paz, sem nenhum sucesso.
Recentemente, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon visitou os Estados Unidos numa nova tentativa de obter o apoio de Washington para uma nova proposta de paz para a região. Após essa visita, em entrevista dada a um jornalista, Sharon comentou a complicada situação político-estratégica que a ameaça o seu país, além da guerra cruenta contra os palestinos.
Em caso dos Estados Unidos atacarem o Iraque, o governo de Washington quer o compromisso de Israel de que não responderá às provocações do governo de Bagdá, por exemplo, uma agressão de mísseis iraquianos, como aconteceu por ocasião da Guerra do Golfo. Dada a animosidade geral dos países árabes contra Israel, os Estados Unidos temem que o envolvimento de Tel Aviv numa guerra contra o Iraque venha a provocar um alastramento da sua planejada guerra contra o governo de Bagdá.
Nessa entrevista, Sharon revelou as dificuldades de uma contenção militar de seu país, diante das várias ameaças externas a que está submetido, entre as quais citou o agravamento das relações com a Síria, que hoje domina o Líbano e apóia um projeto de desvio do curso do Rio Jordão, curso d”água vital para o seu país.
Sharon denunciou também os governos da Síria e do Irã de fornecerem armas e recursos financeiros ao grupo terrorista libanês Hesbollah, que vem incrementando seus ataques contra Israel na fronteira Norte. Admitiu que em caso de um ataque dos Estados Unidos ao Iraque, a Síria, Irã e Hesbollah aliados, possam abrir uma segunda frente ao Norte de Israel.
Como vemos, não é somente a guerra contra a Palestina que atormenta o governo Tel Aviv. São bastante complexos os problemas estratégicos, políticos e militares do Estado de Israel.

Carlos de Meira Mattos
General reformado do Exército e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG).

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