A Cruz Vermelha Internacional

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A Cruz Vermelha Internacional está comemorando neste mês de agosto os 50 anos das Convenções de Genebra. Este plural, Convenções, é porque a Convenção de 1949, que agora se festeja, não foi a primeira. Esta benemérita instituição humanitária foi fundada em 1864 em Genebra em tratado assinado por 16 países europeus.
Vamos relembrar trechos da história da Cruz Vermelha. A idéia de amenizar os sofrimentos humanos provocados pelas guerras tomou corpo por inspiração de um livro do escritor suíço Henry Dunant, Un Souvenir de Solferino, lançado em 1862.
O autor, testemunha ocular dos padecimentos suportados pelos feridos abandonados no campo de batalha de Solferino, por ocasião da guerra da França e Piemonte contra a Áustria (1859), traduziu o horror que presenciou numa obra patética que comoveu os sentimentos dos povos europeus envolvidos em tantas guerras sangrentas. O governo da Suíça tomou a iniciativa de convocar uma conferência internacional, da qual resultou a assinatura da primeira Convenção de Genebra na qual os signatários se comprometeram a crias uma instituição que tomasse a seu cargo a assistência aos feridos de guerra abandonados ou desassistidos pelos seus exércitos. A idéia generosa de humanizar as guerras não parou aí. Estava criada a Cruz Vermelha Internacional.
Através dos anos os efeitos produzidos pelas armas e engenhos bélicos cresceram em violência e abrangência e as missões da Cruz Vermelha foram sendo ampliadas. Conferências internacionais sucessivas, inspiradas na mensagem humanitária lançada por Henry Dunant, foram aumentando os esforços para limitar os efeitos mortíferos dos conflitos, proibindo o uso de armas e engenhos de destruição colética como sejam o emprego de gases de combate, os bombardeios de campos de prisioneiros e hospitais. À Cruz Vermelha foram acrescentadas missões que vão muito além de socorrer soldados feridos em combate, estendendo esta assistência à população civil vitimada pelos bombardeios e às coletividades de deslocados por imposição da crueza dos conflitos.
A cidade suíça, Genebra, é o abrigo tradicional das convenções e tratados que visam minimizar os efeitos bélicos que atingem as tropas combatentes e a população civil. Ali tem sua sede a Cruz Vermelha Internacional, hoje ramificada por quase todos os países do mundo. O Brasil é signatário da Convenção de Genebra.
As comemorações cinqüentenárias ora promovidas lembram a assinatura da Convenção de 1949, que consolidou e ampliou as responsabilidades da Cruz Vermelha Internacional, estendendo a sua missão assistencial à população civil vítima de ações bélicas ou de conflitos políticos, religiosos ou raciais violentos e, por isto, obrigada a emigrar em busca de maior segurança.
A proliferação dos conflitos violentos de várias índoles por todos os continentes vem sobrecarregando a Cruz Vermelha de encargos pesados, particularmente na África e na Europa de Leste. Os conflitos raciais e políticos no centro da África, envolvendo os países como Ruanda, Burundi, Zaire entre as maiores vítimas, provocaram a emigração forçada de mais de milhão de pessoas, deslocadas de seus lares, carentes de tudo, entregues à generosidade das organizações internacionais, entre as quais se destaca pelo seu mérito a Cruz Vermelha.
As missões humanitárias cumpridas pela Cruz Vermelha em todo lugar onde ocorre um conflito marcado pela odiosidade dos fanatismos, representam um exemplo edificante de que não só o mal prospera na sociedade: há também instituições dedicadas devotadamente ao serviço do bem.

Carlos de Meira Mattos
General do Exército reformado e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG).

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