A Década do Oceano

Conferência da ONU destaca a Década do Oceano e ações do Brasil por mais sustentabilidade e combate às mudanças climáticas

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Oceano (Foto: Fernando Frazão/ABr)
Oceano (Foto: Fernando Frazão/ABr)

Na semana seguintes ao Dia Mundial do Ambiente, iniciou-se em Nice, na França, entre 9 e 13 de junho, a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, com a participação do governo brasileiro, que enalteceu a importância dos oceanos na agenda climática.

Entre 2021 e 2030, foi inaugurada a Década do Oceano, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), visando conscientizar as pessoas sobre a importância dos oceanos e mobilizar atores públicos, privados e a sociedade civil organizada em ações que favoreçam a sustentabilidade dos mares.

Os oceanos não apenas regulam o clima no planeta, havendo constante intercâmbio entre o ar e o mar. Além disso, são grandes reservatórios de minerais da Terra, que abastecem a demanda da fauna e flora marinhas, além de recomporem na terra, pelos movimentos cíclicos, a camada de rochas sedimentares. Também nos servimos das riquezas provenientes dos oceanos, como o sal, o magnésio e o petróleo.

Os oceanos contribuem de outras formas para a vida na Terra, provendo o bem-estar e a qualidade de vida. Desde as grandes navegações, do intercâmbio comercial entre os países, da exploração turística e da indústria de alimentos, do transporte e do esporte marítimos, da pesca industrial e artesanal, ou mesmo da recreação nas praias e mares, os oceanos exercem influência na vida de todos.

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Ao longo dos anos, fomos reduzindo a distância entre o homem e o mar de forma predatória. Em algumas localidades onde pescadores colhiam grande quantidade de peixes, hoje os pescam em menor quantidade e, muitas vezes, infectados por substâncias tóxicas que chegam ao mar pelas águas das chuvas. O mar aberto, que significava uma interminável fonte de riqueza, possui atualmente mais redes colocadas pelos homens do que peixes. A grande quantidade de esgoto, lixo e minerais pesados usados nos garimpos ou por grandes indústrias acaba desaguando no mar e também ameaçando roubar o oxigênio do qual dependem todas as formas de vida marinha.

A Década do Oceano permite uma reflexão e ações efetivas. Como diz Rachel Carson em “O mar que nos cerca”, “estamos rapidamente dominando um sistema que parecia tão indestrutível e tão impermeável à influência humana”. Na segunda metade do século passado, a referida autora já profetizava que “levará apenas um pouco mais de tempo antes que a crescente população mundial lote todo o leito do fundo do mar com radionuclídeos, lama de esgoto e substâncias tóxicas.”

Dizia Carson que não podemos mais simplesmente sentar e aguardar e um novo tipo de bravura, similar ao dos arrojados marinheiros de outrora, “teremos que ir ao mar mais uma vez, agora para limpar o oceano com um grau de determinação equivalente ao de nossa centenária sede por exploração e conquista.”

Em sua recente fala de abertura da 3ª Conferência dos Oceanos, o Presidente da República do Brasil anunciou a ratificação do Tratado de Alto Mar ainda este ano para a gestão compartilhada da biodiversidade das fronteiras nacionais. Ainda, reafirmou o incentivo à pesca sustentável, a sistemas de monitoramento e ao planejamento sustentável marítimo, ao aumento das áreas marinhas protegidas, a programas de preservação dos manguezais e dos recifes de corais.

O espaço marítimo brasileiro ocupa 5 milhões e 700 mil km², área comparável à da Amazônia; por isso, também chamado de “Amazônia Azul”, citou em seu discurso o representante da nação brasileira… e “as duas Amazônias sofrem com as mudanças climáticas, pois o oceano está febril e a Amazônia prestes a chegar a um ponto de não retorno.”

O Presidente brasileiro ainda enfatizou que em 2025 teremos o maior número de escolas azuis no mundo, com 160 mil estudantes, além de sermos o primeiro país a incluir a cultura oceânica nos currículos escolares com o apoio da UNESCO.

Rumo à COP30, é preciso reconhecer que a questão climática é vital para a humanidade, sendo essencial investir na educação para as crianças aprenderem a cuidar do ambiente em que vivem. Devemos formar uma grande onda de todos os brasileiros para a construção de um futuro mais justo e sustentável. Sigamos nessa empreitada do governo brasileiro com a esperança de que os oceanos continuem a ser uma fonte de vida saudável para todos.

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