A derradeira obra de Clint Eastwood já nos deixa com saudade

Novo e talvez último filme do diretor encerra uma das maiores carreiras de Hollywood

143
Reprodução de cena de Jurado nº2, filme de Clint Eastwood
Jurado nº2 (reprodução do filme de Clint Eastwood)

O novo e, talvez, último filme da gloriosa e extensa carreira de Clint Eastwood estreou no final do ano passado. Uma pena, no entanto, que Jurado n°2 tenha sido lançado direto no streaming (Max), impedindo a gente de conferir mais um trabalho incrível de Eastwood na tela grande. Juror #2 (no original) é um drama de tribunal que lembra muito o clássico Doze Homens e Uma Sentença (1957), obra-prima de Sidney Lumet, em que 12 jurados precisam chegar ao veredicto sobre um crime que parece de simples resolução – mas não é.

No filme, um americano típico de classe média, interpretado por Nicholas Hoult, é convocado para ser jurado de um crime em uma cidade da Geórgia (EUA). Ele é um dos 12 e, quando toma ciência do que vai julgar, percebe que ele próprio pode ter alguma relação com o assassinato. Falar mais do que isso é estragar a experiência que você vai ter durante 1h50 de um thriller alucinante, com a elegância que só Clint Eastwood é capaz de entregar. Além de Nicholas Hoult, o elenco tem ainda Toni Collette, J.K. Simmons, Chris Messina e Kiefer Sutherland – todos ótimos.

Perto de completar 95 anos, Clint Eastwood nos faz refletir o tempo todo, e a gente fica se perguntando o que faria no lugar daquele jurado nº2. A cena final é espetacular, e o diretor, sem precisar de grandes diálogos, encerra o filme de maneira deslumbrante. É, sem dúvida, um grand finale para uma carreira das mais importantes da história do cinema. Se for mesmo verdade que agora vai se aposentar, Eastwood encerra sua longa trajetória com chave de ouro – e deixa a gente morrendo de saudade.

Uma carreira, um legado

Espaço Publicitáriocnseg

O diretor californiano é, na opinião deste escriba, o maior cineasta vivo em Hollywood. O ator, diretor e produtor começou nos anos 50 e logo se destacou nos clássicos de western spaghetti da década seguinte, quando trabalhou com diretores icônicos, como o italiano Sergio Leone. Não demorou muito para virar estrela como ator e, em seguida, engrenar uma carreira fantástica como diretor e produtor de dramas profundos da sociedade norte-americana.

Ganhou o Oscar de melhor filme e diretor em duas oportunidades – com Os Imperdoáveis (1992) e Menina de Ouro (2004) – e é a única pessoa a ser indicada ao prêmio duas vezes para melhor diretor e ator no mesmo filme, justamente as produções citadas. Recebeu ainda indicações por Sobre Meninos e Lobos (2003), melhor filme e diretor; Cartas de Iwo Jima (2006), melhor diretor; e Sniper Americano (2014), melhor filme. São 10 indicações no total.

Nos últimos 15 anos, se concentrou em filmar dramas americanos e assinou uma sequência maravilhosa que se dedica a contar casos verídicos de personagens desconhecidos do grande público, que realizaram façanhas inimagináveis e, de uma maneira ou de outra, entraram para a história. Começou com o já citado Sniper Americano, para depois emendar Sully: O Herói do Rio Hudson (2016); 15h17: Trem para Paris (2018); A Mula (2018); e O Caso Richard Jewell (2019). Antes de Jurado nº2, dirigiu ainda Cry Macho (2021), um faroeste que não está à altura de seus grandes trabalhos, mas que registra sua última atuação como ator, sempre marcante e correta.

Se realmente o diretor decidir se aposentar, vai deixar enormes saudades. Menos mal que agora temos muitas de suas obras nos catálogos das plataformas de streaming. Clint Eastwood deixa um legado que ainda será estudado por muitas e muitas gerações. Temos apenas que agradecer ao mestre.

‘Ainda Estou Aqui’ e Fernanda Torres

Os terríveis incêndios que acometeram Los Angeles este mês adiaram a lista final do Oscar que seria revelada no dia 17; depois passou para o dia 19; e, agora, deve, enfim, ser divulgada amanhã, dia 23. Na próxima coluna, falaremos melhor sobre os indicados, na expectativa de poder comemorar a presença do filme de Walter Salles entre os melhores do ano – quem sabe em mais de uma categoria. A revista americana Variety, por exemplo, que antecipou a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, está apostando em até quatro indicações: melhor filme internacional, filme, atriz e ainda roteiro adaptado.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui