A dinâmica da globalização

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Nestes últimos 25 anos, os efeitos das inovações tecnológicas e da informática produziram verdadeira revolução no sistema político-capitalista que se havia estabelecido no mundo há mais de um século.
Analisando essa segunda revolução capitalista, diz o professor Ignácio Ramonet, em artigo publicado recentemente no International Herald Tribune, que o mundo está sendo submetido a um novo colonialismo, cujos autores não são mais as grandes potências políticas, mas “as grandes empresas, os conglomerados econômicos, os grupos industriais e financeiros privados”.
Analisando os efeitos da enorme concentração de capital e de poder econômico colocados nas mãos desses grandes conglomerados no curso dos últimos 25 anos e a extrema mobilidade horizontal e vertical que lhes permitem os meios eletrônicos de informação, aponta o autor citado a incapacidade cada vez maior dos Estados nacionais de controlarem seus territórios contra a invasão de interesses forâneos a que estão submetidos.
Ao contrário do que sucedeu na época dos colonialismos impostos pelas potências do Século XIX e primeira metade do Século XX, quando o objetivo era a conquista de territórios, o que estamos assistindo, hoje, é a ameaça de um novo colonialismo cujo objetivo é a conquista dos mercados.
Esta mudança de objetivos dos novos conquistadores, reveladora da tendência de ultrapassar os direitos soberanos do Estado, que se fundamentam na posse e administração de seu território, invadindo-os pela via da tecnologia e da informática, com a imposição de seus interesses de mercado, constitui a grande crise que se desenha para o Século XXI.
A ordem mundial em que vivemos até hoje só se estabilizou quando foi aceito e adotado um sistema jurídico internacional baseado nos princípios de soberania dos Estados e auto determinação dos povos. Estes princípios foram consolidados pela sua aceitação da grande maioria dos Estados, por ocasião da Conferência de Haia, iniciada em 1899. Foi então criado o Tribunal Internacional de Haia, incorporado hoje ao sistema da ONU.
A progressiva invasão dos interesses econômicos do mercado multinacional às áreas de direito dos Estados nacionais viola os princípios até hoje reguladores da jurisprudência internacional. Os conflitos por lesão de direito de soberania deverão se agravar no decorrer deste século. Isto exigirá o fortalecimento do princípios internacionais que venham a assegurar o entendimento e a harmonia entre os povos.

Carlos de Meira Mattos
General reformado do Exército e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG).

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