A esperança de paz e o preparo para a guerra

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Predominam no mundo os apóstolos da paz. Mas há, também, os apóstolos da guerra. Os há, ambos, desde a mais remota antigüidade. Vale aqui, o provérbio inglês de John Ray – “Quem prega a guerra é um apostolo do demônio”. Do outro lado encontramos Maquiavel – “Todos os profetas armados venceram e os desarmados pareceram”.
A questão continua a dominar o universo das opiniões. Os romanos saíram para um conceito intermediário, “si queres a paz prepara-te para a guerra”.
Essas considerações vem-me à mente ao ler a notícia de que os Estados Unidos acabam de realizar o 3º teste do controvertido Sistema de Defesa Anti Míssil. Trata-se de um retorno ao Projeto de Iniciativa Estratégica (que foi chamado de Guerra nas Estrelas), lançado em 1983 pelo Presidente Reagan, quando era intensa a rivalidade e a ameaça militar de um confronto nuclear.
Com a queda do Muro de Berlim e a conseqüente desagregação da União Soviética, a esperança de uma paz duradoura, seguida do desarmamento dos espíritos e dos arsenais bélicos, dominou o espírito de grande parte da humanidade.
Mas, isto não aconteceu, centenas de “pequenas guerras” pulularam e muitas ainda pululam pelo planeta. Pessoas de boa fé que gostam de fazer “o jogo do contente”, consolavam-se considerando o mundo em paz, porque a “aquela guerra catastrófica”, a guerra nuclear, havia sido esquecida. Agora, a reativação do projeto de “Guerra nas Estrelas”, através dos testes realizados pelo governo dos Estados Unidos, sob os protestos e Moscou e de Pequim, mostra que as possibilidades “daquela guerra apocalíptica”, não está afastada.
O teste que acaba de ser realizado, cujos resultados não foram claramente revelados, constituiu no lançamento de um míssil do tipo Minuteman da base de Vanderberg, na Califórnia, carregando um ogiva vazia, que deverá ter sido destruída a uma altura de 230 quilômetros da Terra, por um míssil interceptador lançado do atol de Kwajalein, no oceano Pacífico.
O retorno às experiências com sistemas de armas altamente sofisticados, de alcance intercontinental, concebidos para o transporte de ogivas nucleares, vem evidenciar que a humanidade ainda não pode se deixar embalar por um pacifismo inocente.

Carlos de Meira Mattos
General do Exército Reformado e Conselheiro da ESG.

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