“A CPI só aumenta a credibilidade do país.” De autoria do deputado federal Delfim Netto, um aliado histórico do sistema financeiro, a afirmação, no entanto, não provocou tremores na cúpula petista, que tem em Delfim um dos seus principais operadores dentro e fora do Congresso. Foi pronunciada em abril de 1999 e se referia à CPI dos Bancos, que os tucanos procuravam exorcizar, alegando que afetaria a credibilidade do país. O PT, que, à época, pensava como Delfim, hoje recorre aos argumentos dos tucanos.
Metamorfose
Desiludido com os rumos do governo Lula, o economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior, um dos responsáveis pelo programa de reforma agrária do PT, desfia, em entrevista à última edição eletrônica do Jornal da Unicamp, duras críticas à administração petista. Segundo o economista, o governo Lula, em seu primeiro ano, foi “impermeável” às críticas “das ruas, da intelectualidade, dos movimentos sociais, dos sindicatos e de importantes segmentos do próprio PT”: “A extraordinária dificuldade de dialogar com os críticos reflete o divórcio entre as esperanças geradas pela eleição de Lula e o aprofundamento das políticas liberalizantes inauguradas por Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. O hermetismo do governo é expressão do viés autoritário do Estado brasileiro.”
Para Arruda Sampaio Júnior, como o governo do Lula não mudou o Estado, o Estado mudou o governo: “Um Estado antinacional e antipopular não pode conviver com o debate democrático”, acrescenta.
Transparência
Possibilitar ao aluno o entendimento conceitual da governança corporativa é o objetivo de curso que a Associação e o Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro promovem de 15 a 18 de março. Serão abordados os custos e benefícios gerados para a empresa, para os investidores e demais interessados nos negócios da companhia, além de estudo do Novo Mercado e os Níveis 1 e 2 da Bovespa. Informações através dos telefones (21) 2253-1538, 2203-2188 ou pelo e-mail ozanete@aberj.com.br
Virtual
Além de exagerar na promessa de geração de empregos com seu pacote para a construção civil – prometeu criar 1,41 milhão de vagas, contra 104 mil calculadas pela FGV – o presidente Lula acena com um dinheiro improvável para o setor. O R$ 1,6 bilhão prometido para financiar novos imóveis parte de pressuposto, no mínimo, duvidoso: de que com a redução da remuneração dos recursos não investidos na construção, de TR mais 6,7% para 80% da TR, os bancos vão canalizar esse dinheiro para o setor.
Sinais trocados
“Só tomando banho de formol é que uma pessoa não sente nada do que está acontecendo no país.” A afirmação, em tom irônico, foi pronunciada pelo então presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 1999, em referência à atitude olímpica do então presidente FH diante do acirramento da crise que se seguiu à desvalorização do real. À época, Lula preocupado com o aumento do desemprego, também criticou a omissão do tucano quando a Ford anunciou a demissão de 40% de sua mão-de-obra no país: “O problema é que ele acha que desemprego é coisa de metalúrgico e que só existe no ABC”, alfinetou Lula, cuja política econômica de seu primeiro ano deixou cerca de 1,5 milhão de brasileiros, dentro e fora do ABC, sem emprego.
Interpicaretagem
Depois do Banco do Brasil e da Receita Federal, chegou a vez de os picaretas que navegam na Internet tentarem engabelar clientes do Itaú mais incautos. Uma mensagem com a mesma conversa mole avisa que “o sistema voltado à segurança de transações on line do Brasil, é expresso que todos os clientes do Banco Itaú deverão repassar seus dados bancarios (sic.) imediatamente para que sua conta entre no mais novo sistema anti-fraude (sic.) no sistema de internet banking”. Quem acessa o site http://www.itau.com.br (a página oficial do banco na Internet), clicando o endereço no e-mail pirata, cai numa página parecida com a do Itaú. Um detalhe, no entanto, denuncia os salafrários, o endereço que aparece no alto da página não é o do banco, mas uma seqüência de algarismos: http://209.134.41.14:7980/
Procura-se
Habitual freqüentador das raras brechas que oxigenam o debate sobre os rumos do país, um economista petista do Rio que manteve essa disposição crítica mesmo após o início do governo Lula foi tomado por súbito mutismo. A transformação coincidiu com sua nomeação para uma entidade do setor de seguro. Desde então, seu celular não responde a chamadas de jornalistas com perguntas incômodas, bem como não responde a recados em sua secretária eletrônica.