A geração perdida

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Johnny Hallyday (foto de Fotopersbureau De Boer, Wikipedia, CC0)
Johnny Hallyday (foto de Fotopersbureau De Boer, Wikipedia, CC0)

Os conceitos e práticas da responsabilidade socioambiental e correlatos têm origens diversas, muitas delas perceptíveis nos muitos movimentos libertários originados nos anos 1960 e 1970, mais frequentes e incisivos no Hemisfério Norte, mas também verificados no Hemisfério Sul. Este debatia-se contra governos autoritários, como o Brasil, que frearam avanços sociais, artísticos, políticos e nos costumes entre outros.

 

Choque de gerações

Há quem situe nas dificuldades dos Estados nacionais de financiarem os benefícios do chamado estado do bem-estar, frente aos custos dilatados, advindos dos choques do petróleo (de 1973 e de 1979, principalmente). Quaisquer que sejam as causas principais, é indisfarçável que houve no movimento um choque intergeracional.

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Naquela quadra da História, deu-se um fenômeno nunca antes registrado com tamanha extensão e profundidade. Pela primeira vez, teve início a mudança de mãos mais velhas para mãos mais jovens do bastão do domínio tecnológico, metodológico e científico, que viria a se intensificar e se estender até os dias de hoje, estabelecendo outras relações interpessoais. Sobretudo, novos valores, no avanço constituinte de uma nova ética, como em uma guerra civil.

 

Pode chamar de Johnny Hallyday

A música pop experimentou do mesmo, através de novas formações artísticas e de canções chamadas muitas vezes de “canções de protesto”. Lançada em 1966, uma das mais incisivas destas canções, que funcionaram como verdadeiros hinos propulsores das mudanças éticas, foi lançada por Jean-Philippe Smet, com o nome artístico de Johnny Hallyday (Paris, 15 de junho de 1943 – Marnes-la-Coquette, 5 de dezembro de 2017).

Provavelmente, em vista da escalada da Guerra Fria, que levou os países líderes a fortalecerem-se nas suas áreas de influência, o território europeu figurava como palco de uma possível guerra nuclear, o novo mundo que se pretendia construir repercutia no velho continente, mais do que em qualquer outro cenário.

Não foi sem motivo que o velório de Johnny Hallyday contou com a presença de quatro ex-presidentes franceses, a saber, Jacques Chirac (34 anos em 1966); Nicolas Sarkozy (11 anos em 1966; a mesma idade que eu tinha quando comprei, no Brasil, o meu vinil de Johnny Hallyday com a faixa La génération perdué); François Hollande (12 anos em 1966); Emmanuel Macron (nascido em 1977). Velório como o de todo chefe de Estado.

As razões que levaram à evolução rápida e transversal do desenvolvimento sustentável, da economia de baixo carbono, do fairplay, das relações éticas nas áreas atribuídas à economia (desemprego, crescimento, austeridade etc.), mudanças climáticas, meio ambiente (preservação das florestas em pé etc.), sociais (fome, habitação etc.) etc. O alcance da letra de La génération perdué pode ser confrontado a seguir:

 

La génération perdué

Les mains tendues, tu réclames la liberte

As mãos estendidas, reclamas a liberdade

 

À ton père qui ne peut pas, et ne veut pas comprendre

A teu pai que não pode que não quer compreender

 

Il voudrait te voir derrière son établi

Ele queria te ver numa oficina

 

Un marteau en main toute ta vie

A vida inteira com um martelo na mão

 

Samedi soir la sortie est obligatoire

Sábado à noite a saída é obrigatória

 

Et s’arrête au cinéma

e se limita ao cinema

 

Et dans les froids moments de l’incertitude

nos momentos frios da incerteza

 

Il y a au plus profond de ta solitude

Há no mais profundo de tua solidão

 

Derrière les murs de l’incompréhension

Atrás dos muros da incompreensão

 

Un espoir rempli de passions

Uma esperança cheia de paixões

 

Tu prendras l’avenir comme il te viendra

Tu aceitarás o futuro como ele vier

 

Si tu veux, il sera pour toi

Se quiseres que ele seja teu

 

Et dans les rues mouillées aux couleurs de l’ennui

Nas ruas molhadas pelas cores do tédio

 

Et son chien qui hurle au silence de la nuit

Um cão ladra no silêncio da noite

 

Ton cœur trop serré a envie d’exploser

Teu coração angustiado tem vontade de explodir

 

À la face d’un monde résigné

Diante de um mundo resignado

 

Tes yeux aveugles par l’enfance trompée

Teus olhos cegos pela infância enganada

 

S’ouvriront sur la vérité

Se abrirão para a verdade

 

Ta génération en veut à la Terre entière

Tua geração odeia todo o Mundo

 

Le long des routes, ils ne trouvent que la misère

Pelo caminho só encontra a miséria

 

Mais tes doigts sont en or et sur ta guitare

Mas teus dedos são feitos de ouro e na tua guitarra

 

Tu joueras pour sortir du noir

Tocarás para sair da escuridão

 

Devant les lumières de la célébrité

Diante das luzes da fama

 

Tu pourras faire briller le nom

Farás brilhar o nome

 

Que ton père t’a donné

Que teu pai te deu

 

Oui, que ton père t’a donné.

Sim, que teu pai te deu.

 

Compositores: Jean-Philippe / Leo Smet / Johnny Hallyday

Autor: Chris Long

La génération perdéu © Ed. Tulsa

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