Por Regina Teixeira, especia para o Monitor
A Smart Summit, feira de investimentos que acontece até esta sexta-feira no Rio de Janeiro, na Expo Mag, na Cidade Nova, centro da cidade, chega à sexta edição trazendo temas relevantes em torno do mercado financeiro. Realizada pela InvestSmart XP, escritório de investimentos do RJ, e apresentada pela QR Asset Management, gestora 100% de criptoativos, o evento – que começou na nesta quinta-feira – deu ênfase a importância de se ampliar educação financeira.
“O viés de educação financeira do Smart Summit 2023 nos atrai bastante, pois, quando falamos do ambiente de criptoativos, por exemplo, a educação tem um papel ainda maior”, destaca Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset. Para Ludolf, a parceria com o Smart Summit é uma chance de apresentar conteúdo de qualidade sobre criptoativos, o que ajuda a desmistificar essa nova classe de ativos.
O executivo respondeu, por e-mail, perguntas da reportagem do MONITOR MERCANTIL sobre o lugar que ocupa os criptoativos e a importância de se estudar essa classe de ativo. Ele citou o fato ocorrido com a FTX, em novembro de 2022, até então uma das gigantes do setor, a segunda maior bolsa do tipo do mundo – a porta de entrada de milhões de pessoas para as criptomoedas. Nascida nas Bahamas, era uma das plataformas mais confiáveis, mas seu castelo de cartas ruiu depois que se descobriu que suas finanças eram instáveis. O fato, logicamente, mexe com a reputação do ativo. “Os eventos relacionados a fraudes continuam causando um dano reputacional grande ao setor”, afirma o diretor de Investimentos da QR Asset.
Os criptoativos ainda assustam como oportunidade de ativo. Como mudar essa percepção?
– A volatilidade dos criptoativos assusta os investidores menos experientes e, sem dúvida, o contínuo estudo desta classe de ativos é extremamente importante. Apesar do movimento de preço de cripto ter sido similar ao de várias empresas de tecnologia tradicionais no ano passado, os eventos relacionados a fraudes continuam causando um dano reputacional grande ao setor. Na QR Asset, continuamos apresentando alternativas reguladas, simples e seguras para acesso ao mercado de ativos digitais, com todas as salvaguardas de um processo de investimento diligente com arcabouços regulatórios sólidos, muito diferente daqueles que permitiram absurdos como o da FTX.
Em que ritmo de mudança o sr. acredita, pegando como contexto o Brasil?
– O Brasil, hoje, é visto como um dos grandes mercados de cripto no mundo. Por um lado, temos uma transição de governo importante, que está sinalizando volatilidade – à luz do que ocorre em outros países do bloco sul-americano. Esse cenário de maior incerteza econômica favorece a adoção de ativos digitais para driblar a inflação e a desvalorização cambial. De outro lado, temos uma população de mais de 200 milhões que mostra fortes tendências a favor de novas tecnologias, além do incentivo de um dos arcabouços legais mais desenvolvidos do mundo no setor. Acho que estamos no lugar certo e na hora certa para um grande salto de maturidade do ecossistema cripto.
Em dezembro entrou em vigor a Lei 14.478/22 que determina as diretrizes para a regulamentação da prestação de serviços de ativos virtuais (criptomoedas). Essa lei contempla o que o setor almeja?
—A legislação foi na direção correta e tipifica vários crimes que ocorrem com uso de tecnologias descentralizadas. Contudo, uma das questões mais importantes, referente à segregação de capital de clientes e das companhias, foi negligenciada no texto aprovado.
Acredito que o Brasil perdeu uma grande chance ao excluir esse ponto do texto aprovado. Acredito que isso colocaria os prestadores de serviço locais em outro patamar, podendo competir com prestadores estrangeiros.
Por exemplo, temos como padrão na QR Asset a contratação de custodiantes qualificados que operam nos Estados Unidos sob uma regulação que obriga essa segregação, além de auditorias periódicas. Hoje, não há nenhum incentivo para que contratemos prestadores locais, justamente por conta da melhor segurança jurídica da estrutura internacional que utilizamos atualmente.
Quais as suas expectativas em relação a expansão das criptomoedas no Brasil?
– O Brasil está muito bem posicionado, cripto está florescendo como nunca antes e o Brasil é a bola da vez. Apesar do impacto negativo nos preços do ano passado, vimos o número de investidores alcançar 425 milhões de usuários pelo mundo; projetos de Finanças descentralizadas gerando mais de 4 bilhões de dólares em receitas nos últimos 12 meses; e uma demanda muito forte por tokenização e outras aplicações de tecnologias descentralizadas para infraestrutura de mercado financeiro, logística, propriedade intelectual e afins. É difícil pensar em alguma indústria que não esteja sendo impactada pelo poder transformador dos criptoativos.
Acredito que o investidor médio brasileiro, depois do colapso da FTX e outros problemas em protocolos, está entendendo que produtos regulados são superiores às alternativas não reguladas. Acredito que, com a maior oferta de produtos passivos e ativos nos canais de investimento mais sólidos, vamos ver uma adoção maior dos investidores a essa classe de ativos.