Em 2017, quando participei do Fórum de Mídia do Cinturão e Rota em Dunhuang, China, a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, sigla em inglês) estava em seus estágios iniciais. Pouco mais de 40 países haviam aderido. O projeto, lançado em 2013 pelo presidente da China, Xi Jinping, ganhou musculatura e no ano passado, nas cerimônias que marcaram os 10 anos do Cinturão e Rota, já eram mais de 150 países.
O Planeta está mudando. O mundo unipolar preso em torno da hegemonia financeira já não existe mais. A imensa desigualdade produzida por esse sistema não tem como se manter. A Iniciativa Cinturão e Rota, assim como o Brics, tem peso decisivo nessas mudanças. Os países em desenvolvimento, hoje conhecidos como Sul Global, ganharam peso e voz.
Essa voz se reflete no trabalho das mídias desses países, que desempenham papel fundamental nesse processo. Não se pode ver o mundo apenas com os óculos da mídia ocidental – leia-se, EUA e Europa Ocidental. É necessário que exista pluralidade, que todos possam conhecer o que se passa em todos os continentes, em todos os países. A emergência do Sul Global deve se refletir na mídia desses países.
Cerca de 30 profissionais da mídia brasileira participaram do Fórum de Mídia do Cinturão e Rota em Chengdu, a terra dos ursos panda, em 28 de agosto, semana passada. Uma delegação capaz de rivalizar com a chinesa, a mairoia foi convidada pelo Ministério das Relações Exteriores da China. Não é segredo que os chineses esperam a adesão do Brasil ao Cinturão e Rota em novembro, quando o presidente Xi Jinping deverá vir ao Brasil para a reunião do G20.
Muito se pergunta: o Brasil ganhará ingressando na Iniciativa? A resposta depende muito de nós próprios. Se houver a defesa dos interesses brasileiros – ou, como disse o presidente Lula, se o Brasil jogar como titular – a resposta é um inequívoco sim. Ainda como disse Lula, “a China é um parceiro essencial para o crescimento econômico e o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, e nosso País espera trabalhar com os chineses na luta contra a fome”.
Os investimentos chineses no Brasil cresceram 33% em 2023 em comparação com o ano anterior e atingiram US$ 1,73 bilhão. Muito? É tanto quanto a Bolívia recebeu, menos que Botsuana (US$ 1,8 bilhão) e outros 7 países. A China já é nosso maior parceiro comercial. Trabalhar conjuntamente em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico só levará esta relação para patamares superiores.
A pergunta que se poderia fazer é: o que o Brasil perderá se não integrar o Cinturão e Rota? Ficará de fora do movimento que aponta para o futuro da economia mundial. O mundo de conflitos e economia de papel cada vez mais fica no passado.
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