Sem espaço para combater abertamente a taxação dos ganhos isentos de 141 mil brasileiros, os defensores dos direitos dos super-ricos disfarçam, dizendo que o governo precisar cortar gastos para garantir a isenção de Imposto de Renda para 20 milhões de contribuintes.
Na quinta-feira, o ministro Fernando Haddad disse que nem a extrema-direita se atreveria a votar contra a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e redução da tributação até a faixa de R$ 7 mil. No mesmo dia, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que o ministro estava enganado.
A CNC se apega a 2 subterfúgios: o primeiro é que a taxação dos super-ricos, especialmente acabar com a mamata de dividendos sem imposto, é bitributação. Isso é tese antiga que já foi derrubada por especialistas.
O segundo argumento é que a redução de imposto para quem ganha menos levaria a um aumento de consumo, o que geraria inflação e acabaria prejudicando os beneficiados. Este colunista pensou que não viveria para ver uma entidade de comércio atacando o aumento das vendas…
O que está na mesa é uma tímida redução na desigualdade, tentando diminuir um quadro em que paga proporcionalmente mais quem recebe menos. Ainda não é a prometida reforma tributária da renda; mas já é um passo.
Mais salário, mais comida na mesa
Como a coluna vem publicando, e o Monitor reforçou esta semana (“Mesmo com inflação, cresce consumo em supermercados e restaurantes”), o aumento do emprego, do salário mínimo e do rendimento médio mensal do trabalho (R$ 3.343 em janeiro de 2025, alta de 3,7% em 1 ano) estão garantindo alta do consumo de alimentos, mesmo com alguns produtos bem mais caros (basicamente restritos a ovo e café), mas outros (inclusive feijão e arroz), bem mais baratos.
Fevereiro foi o 2º mês consecutivo de aumento de vendas (unidades), segundo dados do Radar da Scanntech. “À primeira vista, o mês parece ter vendido -2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, ajustando o efeito do ano bissexto que ocorreu em fevereiro de 2024, observamos um crescimento de 0,8%”, comenta Felipe Passarelli, da empresa.
Além do crescimento de vendas unitárias, fevereiro destacou-se pela manutenção dos níveis de preço em relação a janeiro, que já vinha puxando uma redução nos aumentos de preço impulsionados pela cesta básica, de acordo com a Scanntech.
“O cenário sugere um possível alívio na pressão inflacionária e recuperação do consumo, mas o acompanhamento da evolução desses comportamentos nos próximos meses será essencial para entendermos se essa é uma tendência ou se trata apenas de um movimento momentâneo”, conclui Passarell.
Rápidas
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