A (nem tão) disfarçada defesa dos super-ricos

Para ir contra tributação de super-ricos, defensores se apegam a temas como 'corte de gastos' e 'risco de inflação'

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Desigualdade social
Desigualdade social (Foto: Vladimir Platonow/ABr)

Sem espaço para combater abertamente a taxação dos ganhos isentos de 141 mil brasileiros, os defensores dos direitos dos super-ricos disfarçam, dizendo que o governo precisar cortar gastos para garantir a isenção de Imposto de Renda para 20 milhões de contribuintes.

Na quinta-feira, o ministro Fernando Haddad disse que nem a extrema-direita se atreveria a votar contra a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e redução da tributação até a faixa de R$ 7 mil. No mesmo dia, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que o ministro estava enganado.

A CNC se apega a 2 subterfúgios: o primeiro é que a taxação dos super-ricos, especialmente acabar com a mamata de dividendos sem imposto, é bitributação. Isso é tese antiga que já foi derrubada por especialistas.

O segundo argumento é que a redução de imposto para quem ganha menos levaria a um aumento de consumo, o que geraria inflação e acabaria prejudicando os beneficiados. Este colunista pensou que não viveria para ver uma entidade de comércio atacando o aumento das vendas…

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O que está na mesa é uma tímida redução na desigualdade, tentando diminuir um quadro em que paga proporcionalmente mais quem recebe menos. Ainda não é a prometida reforma tributária da renda; mas já é um passo.

Mais salário, mais comida na mesa

Como a coluna vem publicando, e o Monitor reforçou esta semana (“Mesmo com inflação, cresce consumo em supermercados e restaurantes”), o aumento do emprego, do salário mínimo e do rendimento médio mensal do trabalho (R$ 3.343 em janeiro de 2025, alta de 3,7% em 1 ano) estão garantindo alta do consumo de alimentos, mesmo com alguns produtos bem mais caros (basicamente restritos a ovo e café), mas outros (inclusive feijão e arroz), bem mais baratos.

Fevereiro foi o 2º mês consecutivo de aumento de vendas (unidades), segundo dados do Radar da Scanntech. “À primeira vista, o mês parece ter vendido -2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, ajustando o efeito do ano bissexto que ocorreu em fevereiro de 2024, observamos um crescimento de 0,8%”, comenta Felipe Passarelli, da empresa.

Além do crescimento de vendas unitárias, fevereiro destacou-se pela manutenção dos níveis de preço em relação a janeiro, que já vinha puxando uma redução nos aumentos de preço impulsionados pela cesta básica, de acordo com a Scanntech.

“O cenário sugere um possível alívio na pressão inflacionária e recuperação do consumo, mas o acompanhamento da evolução desses comportamentos nos próximos meses será essencial para entendermos se essa é uma tendência ou se trata apenas de um movimento momentâneo”, conclui Passarell.

Rápidas

Programação especial celebrará o Dia da Música no Museu do Rio de Janeiro, 27 de março, com 2 concertos gratuitos, sendo um no Museu da Justiça e outro no Palácio Tiradentes. No mesmo dia, o idealizador do projeto, Sérgio da Costa e Silva, celebra seus 80 anos *** Entre 9 e 13 de abril, o Centro de Convenções Expomag (RJ) receberá a 17ª edição da Feira Rio Artes, com expectativa de atrair 30 mil visitantes. Mais informações aqui *** O I Simpósio Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, que será realizado em 24 de maio no Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), está com inscrições abertas. Inscrições aqui.

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