A nova credencial dos profissionais da comunicação

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A capacidade de comunicar e o alcance da reprodução de mensagens sempre foram fatores exponenciais das transformações históricas. Há quatro mil anos, quando a escrita surgiu na Mesopotâmia, alterou as relações econômicas e sociais. Possibilitou a quantificação de contratos e a documentação da cultura. Há cerca de 550 anos, na Alemanha, quando Gutenberg produziu, com tipos móveis, o primeiro livro impresso, uma Bíblia, deu ao mundo poderoso meio de difusão do conhecimento. A Europa tinha, então, 50 milhões de habitantes, dos quais apenas oito milhões alfabetizados. Em pouco tempo, a oferta de livros resultou em mais de vinte milhões de europeus alfabetizados. E fez-se o Renascimento.
Os dois recortes da história são emblemáticos no tocante à importância da comunicação. Transformação mais profunda e radical observa-se neste momento. Globalização, empresas de padrão e operação mundiais, a nova economia e o e-commerce somente se viabilizaram em decorrência da infinita e instantânea capacidade de comunicação conferida por meios como a Internet, telefonia celular, fibra óptica, satélites e transmissão, num único canal digital, de imagem, som e dados.
Acontece que a velocidade da tecnologia, pela primeira vez, é maior do que a capacidade do ser humano de assimilar as mudanças culturais, processá-las e torná-las parâmetros de uma nova era. É por isso, dentre outros motivos mais aparentes (como a sinergia, comprometimento dos recursos humanos com a qualidade e a missão das empresas, transparência dos gestores etc.), que a comunicação torna-se uma das mais estratégicas e decisivas ferramentas de gestão empresarial. As empresas já entenderam, desde o início dos anos 90, a necessidade de ser mais produtivas, praticar qualidade, investir na qualificação técnica de seus profissionais, ser ágil e ter competitividade em qualquer cenário geográfico ou conjuntural.
Este é assunto encerrado. Quem entendeu sobreviveu. Agora, é necessário não só manter esses itens da transformação produtiva, como promover verdadeira mudança cultural, cujo paradigma é a ética, o comprometimento com a cidadania, a ecologia, a qualidade de vida, o respeito aos direitos individuais e coletivos. Tudo isso agrega valor e se inclui entre os fatores de competitividade. Assim, a comunicação torna-se o somatório de uma série de ações. Sua atuação ocorre de forma multidisciplinar, baseada em métodos e técnicas de jornalismo, relações públicas, publicidade, propaganda, promoções, recursos humanos, pesquisa e marketing. Nesse novo cenário, faltam profissionais em condições de gerir a comunicação de forma estratégica, pois as universidades não estão formando pessoas com o perfil adequado, já que o enfoque dos currículos apresenta características superadas pela realidade. Não se pode, contudo, ficar esperando a mudança de currículos. Há muitos meios (livros, cursos, pós-graduação, lições da experiência profissional e inesgotáveis canais de acesso à informação) para se preparar intelectual e tecnicamente para a nova missão do profissional de comunicação. Entender esse processo e ser ágil na qualificação constituem as credenciais de jornalistas, relações públicas e publicitários para se incluírem entre os colegas que já integram o board de grandes empresas. Eis a oportunidade!

Paulo Nassar
Professor, escritor, jornalista e diretor-executivo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

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