A proliferação das ONGs

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A proliferação das Organizações não Governamentais (ONGs), começa a preocupar a imprensa européia e a norte-americana. São associações que proclamam fins humanitários ou caritativos tais como direitos humanos, defesa ambiental, combate as desigualdades sociais, socorro a doenças epidêmicas, preservação de comunidades indígenas, combate às atividades belicistas etc. Trata-se, como se vê, de finalidades de elevada benemerência, facilmente aceitas pela sociedade. Acontece que por serem bem aceitas, pelos princípios positivos que defendem, conseguiram enorme expansão numérica e contam-se hoje em mais de 32.000, somente as internacionais (segundo informação do “Year Book” da Union for International Organization), espalhadas por todo o mundo, grandes e pequenas, nacionais e transacionais, prosperando particularmente nos países mais ricos. Por promoverem campanhas ditas humanitárias têm encontrado facilidade em angariar doações e financiadores, o que tem levado muitas delas a se transformarem em porta-vozes de interesses escusos, nada humanitários.
As propostas das grandes ONG transnacionais, nos países desenvolvidos do mundo democrático, muitas vezes tem conseguido o apoio dos governantes que precisam de seus votos para se reelegerem ou elegerem seus candidatos partidários.
O articulista Guy Sorman, do Le Monde da França (25-4-01), preocupado com os desvios das ONGs, comenta: “atras das siglas (humanitárias), prosperam pequenas e grandes associações, ricas e pobres, generosas e cínicas”. Mais adiante comenta o mesmo jornalista: “ninguém fiscaliza suas fontes de financiamento, ninguém verifica a autenticidade da boa causa a que se propõem,  ninguém controla suas despesas. Na sua quase totalidade não estão subordinadas senão a assembléias fantasmas (de personalidades-honradas), “mas administradas efetivamente por minorias vinculadas a outros interesses”. Ainda, seguindo o que diz o jornalista do Le Monde, “as ONGs, as mais poderosas, são transnacionais, projetam a imagem de empresas transnacionais que as financiam, tornando utópica a idéia de que são organizações auto-gerenciadas, sujeitas que estão a uma irresponsabilidade ilimitada ligada a causas boas ou más”.
Realmente, parece difícil se admitir que uma ONG cujos administradores recebem régios salários oriundos de fundos provenientes de empresas financiadoras, possam contrariar os interesses comerciais daqueles que a sustenta. Ademais, em termos de finalidade essencial, torna-se difícil conciliar interesses tão divergentes: a ONG deve buscar desinteressadamente o bem comum, a empresa persegue o lucro.
Este alerta da imprensa dos países “grandes” sobre os perigos dos desvios éticos a que estão sujeitas as ONGs, chega a nós, brasileiros, em boa hora. Há vários anos somos incomodados pelas tentativas de interferência em nossa soberania na Amazônia, por parte de uma grande ONG sediada em Genebra, na Suíça que se denomina Conselho Mundial das Igrejas Cristãs. Pretende esta ONG ditar orientação e regras de procedimento para as comunidades indígenas brasileiras. Chega a aventar a idéia de criar uma “nação ianomami” independente, no meio da selva. A está ONG exponham outras de origem européia e norte-americana levantando teses pseudo cientificas sobre a preservação da floresta amazônica, que propõem internacionalizar, para o bem da humanidade.
O jornal New York Post (9-6-00) em artigo de Barry Wigmore, publicou a opinião de dois cientistas respeitados pela comunidade internacional, Patrick Moore e Philip Stott, denunciando tanto a mistificação da tese “Amazônia pulmão do mundo”, quanto a “picaretagem” de certas ONG criadas pelo roqueiro Sting e outros artistas. Dizem os cientistas citados que estas ONGs proliferam nos Estados Unidos e na Europa, explorando o tema “vamos salvar a Amazônia”, baseadas em fundamentos científicos falsos, com o que aterrorizam pessoas ingênuas, apresentando perigos ambientais exagerados, devastadores, afim de obter donativos e doações.
“É muito bom para nós, brasileiros, vítimas das campanhas destas ONGs internacionais, que venha agora de fora, da imprensa européia e norte-americana, a revelação dos interesses espúrios, nada humanitários, nada científicos, acobertados por certas ONG.
A nossa Amazônia, riquíssima em minerais inexplorados, riquíssima em mananciais de água doce (de previsível escassez no futuro), vem sendo o alvo preferido das ONGs transnacionais, em particular daquelas que se dizem dedicadas à preservação ambiental, à defesa das comunidades indígenas, à proteção de espécies animais e vegetais. Será ingenuidade nossa acreditar nas intenções sépticas e científicas que elas proclamam. São portadoras dos interesses e da ambição dos seus grandes financiadores. Suas teses de “interesse da humanidade, são de interesse sim, mas não da humanidade.

Carlos de Meira Mattos
General Reformado do Exército e Conselheiro da ESG.

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