A quem interessa o crime?

290

Quem é adepto da literatura policial conhece bem a primeira pergunta feita pelo leitor ao começar a leitura do enredo, no afã de descobrir o autor do crime, normalmente só revelado ao final do livro. A quem interessa? E a resposta clássica preliminar, quando não se sabe: ao mordomo. Em nosso artigo, indagamos do leitor a quem interessa o denominado processo de “globalização” a que o mundo está submetido. O único país que está obtendo vantagens é justamente a nação norte-americana. Todos os demais estão sofrendo sérios problemas em suas economias. Inclusive o Japão está em recessão, deixando de operar a pleno emprego e com uma taxa de desemprego superior a dos EUA.
Está sendo implodida a Trilateral! Os EUA impõem seu poder hegemônico, graças à sua superioridade militar, obrigando os alemães a serem seus caudatários na barbaridade da destruição da Iugoslávia, quando o próprio presidente Bill Clinton autoriza a CIA a empreender ações terroristas, de sabotagem a alvos na Sérvia. Serão bombas explodindo, matando centenas de inocentes, privando o povo de energia, água, assistência médica, alimentação, condenando à morte por inanição toda uma civilização, a pretexto de “razões humanitárias”. Em dois meses causaram mais danos aos albano-kosovares, direta ou indiretamente, do que os sérvios nos últimos anos. É necessário o julgamento dos responsáveis por estes crimes de genocídio nos Tribunais Internacionais.
No Japão, o prefeito de Tóquio, Sr. Shintaro Ishihara, acusa “judeus americanos de tiranizarem a Ásia”. Em seu livro intitulado Declaração de Guerra Econômica, o Sr. Ishihara declara que a crise asiática é “conspiração dos EUA”, citando a secretária de Estado americana, Sra. Madeleine Albright, junto com o especulador George Soros e com o Sr. Robert Rubin, ex-secretário do Tesouro, como formadores de um “impiedoso trio de judeus americanos”, com suas garras cravadas na Ásia.
Analisando o exposto, imagine o leitor o que nos espera, considerando que a briga entre eles já atingiu tais proporções. De fato, os EUA incorporaram o espírito do Império Romano e claramente pretendem impor seu domínio aos demais países do mundo. Para fazer o contraponto a suas aspirações hegemônicas, surge agora o “eixo anti-hegemônico”, composto por China, Rússia e Índia e, futuramente, talvez o Paquistão, todas nações detentoras de poder nuclear, possuindo cerca da metade da população mundial. É preocupante a perspectiva de uma nova “guerra fria”, caracterizada por outra bipolaridade, mas os EUA estão forçando o surgimento desta situação, com sua atuação imperialista sem limites.
E o Brasil, neste contexto, continua sem destino. A recente ameaça de crise argentina mostra o quanto nossa economia está vulnerável. Apenas a perspectiva da desvalorização da moeda argentina, não concretizada até o momento, provoca a queda nas bolsas do RJ e de SP, a elevação da cotação do dólar, forçando a intervenção do Banco Central (Bacen). Imaginem quando o Fed elevar a taxa de juros nos EUA. A pressão sobre os nossos fundamentos econômicos será muito maior. E as conseqüências muito mais graves. Este é o lado negativo da adoção de uma “política econômica” inteiramente dependente do FMI e de seus orientadores. Caso haja outro ataque especulativo, com a fuga de capitais externos, vão ter o pretexto de alienar o que resta do Brasil: água, energia, Furnas, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, até a Amazônia.
E surge mais um escândalo. E é proveniente apenas da segunda fita a ser divulgada, mostrando a conversa comprometedora, a nível de botequim, entre o presidente FHC e o então presidente do BNDES, desmentindo a versão de que a maior autoridade do país nada sabia sobre as “negociatas” havidas na privatização das telecomunicações. E as questões pessoais foram prudentemente ignoradas pela imprensa, não sendo divulgadas, talvez por serem proibidas a menores de 18 anos. E existem mais de 40 fitas a serem ainda publicadas. Caso os seus respectivos conteúdos venham a público, a República será abalada seriamente.
E as denúncias do secretário da Receita Federal, parente do vice-presidente, são de extrema gravidade. Como não foram adotadas ainda providências para acabar com a sonegação, por um governo tão preocupado com questões menores, como a absurda proibição de venda de armas no Brasil? Será medo do deputado federal Jair Bolsonaro? Ou são ordens do exterior? Se isto passar, o próximo passo será relativo às facas de cozinha. Coitadas das donas de casa! Vão ficar sem poder usar seus instrumentos de trabalho. A violência está na mente das pessoas. O instrumento não mata sozinho. Vão proibir também a venda de automóveis?

Marcos Coimbra
Professor titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG). Correio eletrônico: [email protected]

Espaço Publicitáriocnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui