A telemedicina e o futuro da saúde em tempos de Covid

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Telemedicina (foto Pixabay)
Telemedicina (foto Pixabay)

Que toda grande crise traz oportunidades é um fato inquestionável. Nas grandes crises mundiais ocorridas após a gripe espanhola de 1918 (crise de 29, Segunda Guerra Mundial, ataques terroristas de 11 de setembro, bolha imobiliária de 2008 e agora o Covid-19 – Sars-Cov2) o aprendizado decorrente da crise trouxe mudanças significativas na nossa vida. Mas talvez a crise de saúde atual traga mudanças sem precedentes na educação, no trabalho e principalmente na saúde.

Trazendo para 2020, podemos dizer que na área médica, o CFM levou 18 anos discutindo telemedicina sem chegar a uma regulamentação – e tudo isso foi atropelado em 40 dias pela Covid-19: em pouco mais de um mês, duas portarias do Ministério da Saúde e posteriormente uma Lei (a 13.989 de abril de 2020) regulamentaram a telessaúde (não só para medicina, mas para todos os profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos entre outros) enquanto perdurar a crise de saúde no Brasil.

Essa urgência e velocidade em viabilizar a telessaúde gerou uma corrida para uso de ferramentas de comunicação online para atender os pacientes, tirar dúvidas, identificar risco de sintomas de Covid-19 – a corrida se estendeu também no segmento de certificação digital, uma vez que se tornou necessário assinar digitalmente documentos na parte de saúde (como atestados, pedidos de exames e receitas médicas) de forma que tivessem validade jurídica.

Não há dúvidas que a telessaúde chegou de urgência e veio para ficar. Nos EUA, antes da Covid-19, apenas de 11% da população já havia feito algum tipo de atendimento em saúde a distância (apesar de lá ao contrário daqui a telessaúde já estar regulamentada há bem mais tempo) tendo pulado para mais de 46% no início da pandemia. Estima-se que, lá, a Covid-19 levou o serviço de telessaúde a um negócio com projeção de US$ 3 bilhões por ano.

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Por aqui, no Brasil, claramente podemos ver que a telessaúde pode melhorar a abrangência do atendimento no SUS, chegar a populações nesse país continental que ainda não tem atendimento básico de saúde adequado. Nas grandes cidades, com trânsito sempre caótico, imaginar que você não precisa mais perder uma manhã ou tarde de trabalho para ir na consulta médica, levar o resultado dos seus exames, isso é definitivamente uma enorme vantagem – tanto para pacientes, como para médicos, podendo aumentar a quantidade de indivíduos que possa atender.

Esse futuro da saúde, acelerado pela Covid-19, ainda pode trazer muito mais e rápido: sistemas de inteligência artificial que podem fazer triagem de pacientes, identificar interações de medicamentos trazendo mais segurança no uso, gadgets que permitem monitorar seus sinais vitais, que permitam realizar em casa exames laboratoriais, de urina e até mesmo um eletrocardiograma no celular que envie direto para seu cardiologista.

 

Carlos Lopes é médico, professor convidado da pós-graduação de nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein e da Associação Brasileira de Nutrologia/BWS.

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