A torre da Cemig e a curva do GP de San Marino

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Marília Mendonça (foto reprodução Instagram)
Marília Mendonça (foto reprodução Instagram)

Novamente, como na manhã de 1º de maio de 1994, o país cai em tristeza profunda, desta vez, com a perda súbita de um ídolo, a cantora e compositora Marília Mendonça. Causas do acidente só daqui a seis meses, possivelmente, um ano.

As causas do acidente, provavelmente, serão compreendidas antes das causas da idolatria. Há uma fila de casos análogos, como este, o dos Mamonas etc. Apesar de serem sobre remunerados pelo mercado, estes ídolos são apenas os pontos visíveis na corrente de geração de renda de sistemas complexos.

São superexplorados e submetidos a rotinas cruéis de viagens e de noites sem dormir, mal alimentados, entre outras. Alguns sobrevivem; outros não. Quem nunca perde são os beneficiários desta hiperexploração, sempre a conferir a valorização das ações e de marcas. E de quem consiga se manter na liderança dessas cadeias de produção e vendas.

Entre o que mais se ouviu e leu no caso da tragédia recente, figura a abertura de mercado para o gênero feminino, maioria da população, ampliando-o. Razões de mercado em um modo de produção que a todos e a tudo mercadoriza.

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OMS: efeitos nocivos de jornadas de trabalho excessivas

Jornadas de trabalho excessivas matam milhares de pessoas, por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Estudo global realizado em parceria entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que 745 mil pessoas morreram em 2016 de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho.

O relatório mostra que as pessoas que vivem no Sudeste Asiático e na região do Pacífico Ocidental são as mais afetadas. Nos países “bandeira vermelha”, em que as jornadas de trabalho são maiores, os índices da população afetada chegam a ultrapassar 33% dela.

Trabalhar 55 horas semanais, ou mais, expõe a um risco de AVC (acidente vascular cerebral) até 35% maior e 17% maior de vir a óbito por doença cardíaca, comparado a quem está submetido a uma jornada de 35 a 40 horas de trabalho semanais. Quase três quartos das vítimas são de meia idade ou mais velhos. O estudo considerou também os casos em que houve um interstício entre a fase aguda das hiperjornadas (55 horas/semanais ou mais) e a manifestação dos problemas.

 

Carta aberta

Dos pesquisadores e professores eméritos da Fundação Oswaldo Cruz:

“Ainda sobre o lamentável caso de desrespeito à ciência e a cientistas (publicação do Decreto da Presidência da República, de 5 de novembro de 2021, que tornou sem efeito a concessão da Ordem Nacional do Mérito Científico à Dra. Adele Schwartz Benzaken, diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Amazônia) e ao Dr. Marcus Vinicius Guimarães de Lacerda, pesquisador do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e médico da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado.

“A honraria foi definida por uma Comissão Técnica formada por personalidades indicadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (‘Eu vivo sempre no mundo da lua’), pela Academia Brasileira de Ciências e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Após a inadmissível retirada dos dois cientistas, 21 pesquisadores que haviam sido nomeados para a mesma condecoração pelo presidente da República renunciaram à Ordem Nacional do Mérito Científico em solidariedade aos nossos colegas atingidos.

“Isso posto, os pesquisadores (as) e professores eméritos da Fiocruz, impactados com esse episódio, se solidarizam com nossos colegas da Fiocruz Amazônia e endossam o documento assinado por 21 distinguidos pesquisadores e lamentam a situação de descaso por que passam a Ciência Tecnologia e Inovação, o Sistema Único de Saúde, a Educação, a Cultura e o nosso Meio Ambiente, nesse grave momento da pandemia da Covid-19, com cortes orçamentários dramáticos e injustificáveis. Não é a primeira vez na história que pesquisadores da Fiocruz são atingidos por atos injustos em função de sua defesa da ciência e dos valores democráticos. Não podemos aceitar que renomados pesquisadores da Fiocruz sejam arbitrariamente atingidos por esse novo decreto.

“Nosso país e nossa saúde pública não podem continuar sendo conduzidos por intermédio de atitudes negacionistas e do descrédito da ciência e das evidências científicas produzidas nas universidades e Institutos de pesquisa brasileiros. A ciência brasileira é pautada pela ética e merece respeito.”

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2021.

Assinam 17 pesquisadores (as) / professores eméritos (as)

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