A verba e o verbo

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É evidente que a educação precisa de mais verbas, como todos os segmentos precisam; afinal, a questão fundamental é resolver problemas ilimitados com recursos limitados. Porém limitar todas as reivindicações a mais verbas para a educação é um discurso vazio, algo que não constrói nada nem estimula o verdadeiro debate que é sobre o modelo educacional que precisamos.
Ter mais verbas para a educação mas utilizá-las principalmente nas atividades-meio ou em ações que apenas de um ponto de vista marginal têm relação com a educação terá pouco ou nenhum impacto.
A extensão das atividades de promoção social dentro da escola é uma política necessária em muitas regiões carentes, mas não pode ser um objetivo em si, nem pode superar o foco na educação, que pode dar uma solução definitiva e não paliativa às necessidades sociais.
Muitas vezes é necessário construir novas escolas, mas a ênfase tem de estar no que está dentro dos prédios, nas pessoas, em professores e alunos, mais do que na estrutura. Muitos países reconhecidos pela rapidez com a qual atingiram o nível de excelência em educação – como o Japão – montaram suas escolas em galpões abandonados no pós-guerra.
A elevação dos salários dos professores, fazendo com que o magistério volte a ser uma carreira atrativa para jovens de talento é importante. Mas por si só ela não tem nenhum efeito mágico, é preciso que tenhamos não apenas professores, mas mestres de fato, preocupados com o desenvolvimento de seus alunos.
As ilhas de excelência que se tem na rede pública estão fundadas em grande parte na dedicação de alguns mestres, novos ou antigos, que assumiram para si a responsabilidade de transmitir conhecimento, mesmo em condições adversas.
É necessário pensar em fórmulas adequadas de premiar aqueles cuja dedicação está acima da média. Para que isto ocorra é preciso em primeiro lugar reconhecer a árvore pelos frutos, ou seja, avaliar os profissionais a partir dos resultados obtidos pelos alunos. Em um modelo ideal isto implicaria em uma avaliação externa periódica dos alunos.
Em segundo lugar é preciso deixar de lado os corporativismos que impedem ou limitam as avaliações e a retribuição da sociedade àqueles que de fato contribuem para a revolução educacional necessária.
Temos de ver o que está funcionando, as iniciativas que estão produzindo resultados, aprender e compartilhar experiências que efetivamente estão dando resultados. Enfim, não basta a verba, é preciso o verbo.

José Augusto
Médico, é deputado estadual (PSDB-SP) e membro das comissões de Saúde, Direitos Humanos e Fiscalização e Controle da Assembléia Legislativa de São Paulo.

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