A ‘vulcânica’ Maria da Conceição Tavares

Pequenas histórias da combativa economista Maria da Conceição Tavares, mestre e inspiradora de gerações

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Maria da Conceição Tavares
Maria da Conceição Tavares (foto de Fernando Frazão, ABr)

Apaixonada pelo Brasil, onde chegou em 1954, e pelo Vasco da Gama (como não poderia deixar de ser, pelo seu nascimento na terrinha), Maria da Conceição Tavares deixa o País órfão não só de sua combatividade, mas de sua imensa e (também) reconhecida capacidade intelectual.

Este colunista esteve com a economista 2 ou 3 vezes, em eventos rápidos. Por isso, recorro a lembranças de Maurício Dias David, amigo de Conceição Tavares, para destacar um pouco da personalidade da mais brasileira das portuguesas:

“A Conceição sempre foi assim, de temperamento vulcânico, apaixonada, sem papas na língua… Certa vez, em um debate na PUC aqui do Rio de Janeiro, tocou-me ‘apresentá-la’ (como se Conceição precisasse de ‘apresentação’, cáspite!). Mas era uma coisa acadêmica, assim como uma praxe… Quando mencionei o ‘temperamento vulcânico’ da minha querida amiga, a plateia caiu em gargalhadas.”

MDD relembra também a visita que fez, junto com o economista Antonio Barros de Castro (“que me convidou para acompanhá-lo como seu vice-presidente no Instituto dos Economistas do Rio de Janeiro, Ierj”), “para convidarmos o excepcional economista liberal Mário Henrique Simonsen para fazer uma conferência sobre o processo inflacionário brasileiro em um ciclo que o Ierj pretendia organizar.”

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“Pois bem, o Simonsen – um homem generoso, liberal e de grande cultura econômica – aceitou de bom grado o convite, dizendo sentir-se muito honrado com a lembrança do seu nome. E nos perguntou: ‘E quem mais está sendo convidado a dar conferencias no ciclo?’ Quando o Castro mencionou o nome da Conceição, o Simonsen – que tinha uma relação respeitosa com a Ceiça e vice-versa, quase caiu da cadeira… ‘Não, não’, disse ele, ‘deixemos para outra ocasião’, disse para os estatelados Castro e eu mesmo… ‘Não é por nada, mesmo, mas é que vamos começar nossas intervenções, eu falo, e depois a Conceição entra com estardalhaço, daí a pouco ninguém sabe quem é Mário (Simonsen) e quem é Maria (da Conceição Tavares)…’

“A Conceição era assim, brigava, gritava, mas respeitava a tudo e a todos. A começar pelo velho Octávio Gouveia de Bulhões, de quem fora assistente na Faculdade Nacional de Ciências Econômicas, na Urca, e por quem ela sempre teve grande respeito e quase veneração, apesar das divergências ideológicas entre eles”, pontua Maurício Dias David.

Tecnocratas

“A dedicação à justiça social e ao desenvolvimento econômico brasileiro foi uma constante em sua vida, como certa vez afirmou no programa Roda Viva da TV Cultura, em 1995, que viralizou no aplicativo TikTok: ‘Se você não se preocupa com justiça social, com quem paga a conta, você não é um economista sério. Você é um tecnocrata’”, como destacou a UFRJ em nota em memória da Maria da Conceição Tavares.

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Rápidas

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