Abia explica conflito Rússia-Ucrânia-EUA-Otan e o setor de alimentos

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Corredor de supermercado com sacos de arroz
Corredor de supermercado (Foto: reprodução do Youtube)

A indústria de alimentos acompanha a situação internacional e prevê possíveis impactos em toda a cadeia produtiva, principalmente pelo encarecimento de matérias-primas e insumos utilizados pelo setor. A informação está em um folheto publicado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), em que explica didaticamente que caso o conflito se prolongue, poderá afetar todos os países que mantêm relações comerciais com a União Europeia, Estados Unidos, Ucrânia e Rússia, inclusive o Brasil.

Segundo a associação, a indústria de alimentos já sente os efeitos, uma vez que os preços internacionais de diversos itens que compõem o custo de produção vêm sendo afetados.

Já no mercado financeiro, o que ocorre “não necessariamente se materializa no ‘mundo real’ de forma simultânea. Leva um tempo até que essas oscilações afetem, de fato, a produção de alimentos e os consumidores”, explica a publicação.

Sobre Commodities, a Abia mostra que a região envolvida no conflito é grande produtora e abastece a economia brasileira e, por conseguinte, a indústria de alimentos. Petróleo, milho, trigo e fertilizantes estão entre os principais itens.

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Variações recordes

A Abia informa que mesmo antes do conflito, as variações de preços das commodities agrícolas já vinham registrando altas recordes, de acordo com o Índice da FAO. Também já se notava uma dificuldade no abastecimento de algumas matérias-primas. A Abia informa que avalia mensalmente o cenário de preços, abastecimento e tendências das principais commodities agrícolas utilizadas na indústria de alimentos. Há material na íntegra no site da Abia: https://abia.org.br/commodities.php

Segundo a associação, o preço do trigo no mercado internacional, que já operava com tendência de alta, passa a ter uma nova fonte de pressão. “Porém, ainda é cedo para uma avaliação mais precisa sobre o aumento dos itens à base de farinha de trigo. O conflito atinge uma importante região produtora, o que impacta diretamente a oferta mundial. No caso do Brasil, uma vez que a Argentina é o nosso principal fornecedor (87,5% do trigo que importamos), a Abia não vê, neste momento, risco de desabastecimento”, frisa.

Milho

O folheto explica ainda que Rússia e Ucrânia também são importantes produtores e exportadores, com uma participação nas exportações mundiais para este ano-safra de quase 20%, segundo o USDA, o que torna o conflito uma relevante fonte de pressão nos preços internacionais. Os valores vêm subindo de forma acelerada, principalmente, devido à expectativa de queda na oferta mundial. Há que se lembrar que este insumo é utilizado também na alimentação animal e para a produção de etanol.

Sobre petróleo, gás e derivados, a tendência é de alta, o que impacta diretamente nos custos de produção e nos preços de combustíveis no Brasil, bem como no dos materiais para embalagens plásticas (derivados do petróleo), o que traz um desafio adicional para a indústria de alimentos.

Fertilizantes

Rússia e Bielorússia foram responsáveis, em 2021, por 25% do volume total importado pelo Brasil, explica o folheto. Os fertilizantes são utilizados na agricultura brasileira, e, caso o conflito persista – assim como os embargos internacionais – haverá pressão adicional no custo das commodities agrícolas na próxima safra de verão. Desta forma, é bastante provável que a indústria de alimentos também seja impactada.

Já matérias-primas e embalagens respondem por 60% dos custos de produção dos alimentos industrializados. Apenas em 2021, a alta desses insumos chegou a 100%, sem falar nas restrições da oferta. Com o aumento do preço do petróleo, a situação tende a se agravar em 2022, ressalta a publicação.

Segundo a Abia, o conflito já repercute no mercado de commodities em geral, com impacto nos preços e maior volatidade no mercado financeiro. O cenário aponta para um aumento nos custos da indústria de alimentos e, consequentemente, nos preços ao consumidor.

Para a associação, é preciso acompanhar os desdobramentos para avaliar os impactos nos custos de produção. “Mantida a alta dos preços das commodities (agrícolas e energia), reduz-se a expectativa de crescimento do consumo no mercado interno. No caso das exportações, o cenário de alta nos preços dos alimentos contribui para a ampliação das vendas, mesmo com a expectativa de redução do crescimento da economia mundial”, finaliza a Abia.

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