Acachapante

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Existem explicações que são a própria síntese dos receios dos que a elas recorrem. A insistência do Governo FH em negar que as eleições tenham sido federalizadas revela o enorme fardo que carregam seus representantes na luta pelo voto e, ao mesmo tempo, fornece a própria explicação para a acachapante derrota do governo.
Desde a vitória da oposição na eleição de 1982 – a última antes do fim da ditadura – a situação não sofria sova tão esmagadora. Nas principais capitais e cidades do país, ser tucano ou sigla aparentada era sinônimo de derrota anunciada ou opróbrio a ser guardado a sete chaves.
Nas sete principais capitais do país, os governistas foram à lona em três: São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza (nas quais não sobrou um governista para figurar no segundo turno), apanharam feio em Belo Horizonte e perigam perder o que davam como certo em Recife. As exceções foram Salvador e Rio. No Rio, os dois candidatos governistas fugiram como o diabo da cruz de qualquer vinculação com o Governo FH. Isso, aliado à incapacidade de uma oposição desorientada por questões menores, impediu que os votos majoritariamente oposicionistas dos cariocas se convertessem numa alternativa no segundo turno.
Mais do que quantitativa, no entanto, a derrota do Governo FH é qualitativa, com as eleições servindo para o eleitor extravasar seu clamor por mudanças, apesar dos anteparos do poder econômico, da reeleição e de institutos de pesquisa cujos nomes saíram profundamente chamuscados das urnas.
A somatização da tensão causada pelo temor da derrota ajuda a entender a indisposição do presidente FH no dia das eleições, que o levou a ser o último a vota em sua seção. Mal sabia que o prato principal era ainda mais indigesto do que as pesquisas internas do Planalto mostravam.

In memorian
Missa pelo transcurso de um ano do falecimento do jornalista, economista e professor Ricardo Bueno será realizada hoje, às 17 horas. O ato religioso será na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na rua Sete de Setembro, esquina com a rua Primeiro de Março.

Cresce
A Faperj e o Laboratório de Acompanhamento Econômico do Estado do Rio (LAE), da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgam hoje, na Academia Brasileira de Ciência, os indicadores de Conjuntura Econômica do Rio de Janeiro (ICE/RJ) e do país (ICE/Brasil) do mês de julho. Os dados sinalizam a aceleração do crescimento das economias fluminense e nacional. O ICE/Brasil indica um crescimento superior a 4% do PIB, no terceiro trimestre deste ano, se comparado com igual período do ano passado. E um crescimento de mais de 3% da economia do Estado do Rio, no trimestre maio/julho, se comparado ao mesmo período do ano de 1999.

Investimentos
Será divulgado hoje, às 10h30, o relatório sobre investimentos no mundo, elaborado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O evento é coordenado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) e será realizado no auditório Abinee II, em São Paulo. O documento será apresentado por Antônio Corrêa de Lacerda (presdente da Sobeet), e será comentado simultaneamente no Rio e em São Paulo por Maria Helena Zockun, Antonio Prado e Virene Roxo Matesco, todos diretores da mesma sociedade. O ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Gesner de Oliveira, participará como convidado especial.

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Ditadura da banca
Vários eleitores cujas seções funcionavam em agências de bancos tiveram uma surpresa desagradável. Ao chegarem para votar, se depararam com as portas fechadas e a informação de que as seções tinham sido transferidas de lugar. A explicação, oficiosa, é que os bancos não querem mais prestar esse tipo de serviço. Pelo visto, no segundo turno os bancos que mantiverem agências abertas vão cobrar tarifas dos eleitores.

Campanha
Durante a divulgação dos indicadores da indústria paulista no mês de agosto, a diretora titular do Depecon da Fiesp, Clarice Nesser, afirmou que a entidade exige uma queda no depósito compulsório, que atualmente está em 45%. Para ela, o Banco Central tem hoje, todas as condições para realizar esta medida, tanto no cenário macroeconômico quanto no microeconômico. Segundo Clarice, a última queda ocorreu há quatro meses. “A oferta tem todas as condições de atender a demanda”, disse a representante da Fiesp.

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