Acelera Brasil e a educação inclusiva

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Na abertura do segundo dia de debates, a coordenadora de projetos do Instituto Airton Senna (IAS), Irati Antonio, disse que boa parte dos estudantes chegam ao final do ensino fundamental sem saber ler ou escrever. “Constatamos que neste fato residia a dificuldade de aprendizado. Até 40% das reprovações se devem a isto. O Acelera Brasil (programa desenvolvido pelo IAS) tem o compromisso com a melhora da educação e nele as desistências não chegam a 1%”, contou ela.
O Acelera Brasil já opera há cinco anos e transformou-se numa rede de disseminação da tecnologia pela Internet. O programa não despreza os casos especiais, como alunos com deficiência física ou mental. “Acreditamos na educação inclusiva e buscamos a paz e o respeito ao próximo”. O IAS, por sinal, tem metodologia própria de capacitação de educadores, para garantir a continuidade da linha pedagógica, que, segundo Irati Antonio, obtem êxito de 99% no desafio de alfabetizar.
“O IAS existe há sete anos. No início, focávamos na educação, mas hoje a vemos como um meio para o desenvolvimento humano. Ainda somos agentes (foram repassados R$ 16 milhões em 2001), mas já organizamos programas próprios para garantir o cumprimento de metas. Para tanto, procuramos parceiros com os mesmos objetivos”, explicou.
Contato: www.senna.globo.com/institutoayrtonsenna

Eficiência e integração no trabalho
Marcus Scarpa, da Muito Especial, explicou que sua organização é voltada para o desenvolvimento de projetos para inclusão portadores de deficiências no mercado de trabalho e na sociedade. Entre as principais parcerias estão os atletas pára-olímpicos, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e veículos de imprensa. “Atuamos em três frentes: desenvolvimento de projetos, na conscientização da sociedade e consultoria para quem quer desenvolver ações de responsabilidade social”, esclareceu.
Segundo Scarpa, faz parte da conscientização da sociedade a divulgação do quanto os deficientes são capazes de realizar normalmente tarefas surpreendentes. “Ajudamos a divulgar duas bandas formadas por surdos e cegos (respectivamente, Surdodum e Forró no Escuro). Na consultoria, destacamos a importância dessas ações coordenadas e estratégicas. É preciso mudar a cultura da empresa não apenas para empregar deficientes, mas também para evitar sua evasão”, resumiu, acrescentando que muitas empresas não cumprem a legislação, que reserva para os deficientes de 2% a 5% das vagas.
Contato: www.muitoespecial.com.br

Mais de 1 milhão de analfabetos no Sudeste
Regina Torres, diretora de Educação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), contou que a idéia do projeto Transformar (0800 321321) surgiu da constatação de que a região Sudeste, mesmo sendo a mais desenvolvida do país, ainda conta com bolsões de pobreza com 1,2 milhão de analfabetos. “Destes, 715 mil eram adolescentes entre 15 e 19 anos, uma faixa etária em que são presas fáceis para o tráfico de drogas. Além disso, 89% são fluminenses, o que mostra que o problema não é da imigração, mas sim responsabilidade nossa”.
Dedicado à alfabetização desses jovens, o Transformar já atendeu a 15.118 alunos em três anos, superando 50% da meta total de 27 mil treinamentos. “Em parceria com as secretarias de Educação, atuamos em 85 dos 91 municípios do estado, mas não é tarefa fácil. Algumas prefeituras procuram esconder seus analfabetos. Outras não se envolveram”, disse Regina, frisando, entretanto, que tais problemas são “parte da realidade dramática do país”. O Transformar, que já recebeu prêmios da Unesco e da Fundação Banco do Brasil, inovou com a criação da figura do Agente Transformar, pessoa da comunidade que “pergunta à mãe do aluno porque o filho não foi à aula”.
Contato: www.firjan.org.br

Balanço social demonstra ação da empresa
João Sucupira, coordenador de Transparência e Responsabilidade do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), apresentou a experiência do instituto, criado pelo sociólogo Hebert de Souza, na campanha para a implantação do balanço social nas empresas. “De forma simples e ocupando no máximo uma página de jornal, o balanço social demonstra qualitativa e quantitativamente a ação interna da empresa e junto à comunidade”, disse.
Com efeito, há espaço para indicadores como participação de mulheres e negros nos quadros funcionais e de chefia, além de demonstrações financeiras como o volume de gastos em meio ambiente e em responsabilidade social. “Os gastos devem estar relacionados ao faturamento da empresa, para que seja possível comparar a contribuição levando em conta o tamanho da empresa”, explicou Sucupira. Segundo ele, empresas públicas e até universidades já manifestaram interesse de publicar o balanço social.
“Marketing é colocar uma marca na cabeça do consumidor. Mas para colocá-la como positiva ela precisa estar associada à ética”, frisou o economista. Hoje o selo Ibase de RS é uma valiosa peça de marketing e a iniciativa alavancou o surgimento de instituições voltadas para a responsabilidade social corporativa. “Pesquisas indicam que, em condições iguais de preço e qualidade, 76% dos consumidores mudariam para uma marca identificada com ações de responsabilidade social”.
Contato: www.balancosocial.com.br

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Investimento social prova que é lucrativo
Em torno das ações social e ambientalmente responsáveis das empresas, existe o preconceito de que seriam prejudiciais à lucratividade. No entanto, Pedro Villani, analista de RS do ABN Amro – Banco Real, mostrou que o Fundo Ethical do banco, único no Brasil, desmente essas idéias. Ele explicou que o projeto, estruturado há pouco mais de um ano, tem caráter estratégico, de longo prazo e vem alcançando rentabilidade 25% maior que a média da Bovespa. “É um fundo de ações e seleciona as empresas de capital aberto que dele fazem parte segundo critérios éticos. Nos EUA, esses fundos acumulam recursos de US$ 2 trilhões e crescem 25% ao ano, enquanto na Inglaterra são 3 bilhões de libras, com crescimento de 30%”.
De fato, nos EUA a cada US$ 8 investidos em ações, US$ 1 é destinado a fundos éticos, que excluem empresas ligadas à produção de energia nuclear, material bélico, fumo e álcool. O Ethical conta ainda com um conselho consultivo que tem a participação de membros de fora dessas empresas, ligadas a entidades como Instituto Ethos e Abamec. “Também é o único fundo no Brasil a ter isso”, finalizou.
Contato: www.aaam.com.br

Empresas recebem certificado por ação social
Entre os contemplados com o certificado de empresa-cidadã, a Caixa Econômica Federal (CEF) destacou-se por incentivar as iniciativas de responsabilidade social de seus funcionários, atuando, inclusive, como parceira. O superintendente de Negócios, José Domingos Vargas, destacou que, em todas as parcerias, a CEF ajuda no fornecimento de insumos básicos.
“Com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), via Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger), financiamos, por exemplo, computadores mais baratos para determinados segmentos, como o de professores”, disse, acrescentando que, ainda na área de informática, a Caixa oferece espaço nas agências para que as pessoas tenham acesso à Internet. “O analfabetismo funcional é ainda mais perverso. Oferecer acesso à Internet é uma forma de inclusão”, finalizou.

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