Aço é o que mais pesa no aumento de custos da construção

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Construção civil (Foto: divulgação)
Construção civil (Foto: divulgação)

O aço foi o material que mais pesou no aumento total do custo das obras. Segundo estudo elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no período de julho de 2020 a julho de 2021, esse material alcançou cerca de 73% da elevação no custo da construção de uma ponte, por exemplo. Entre julho de 2020 e janeiro de 2022, o aço chegou a representar cerca de 59% do aumento total deste projeto.

O levantamento analisou a curva ABC de insumos em diferentes tipos de obras no estado de São Paulo, utilizando o Sistemas Nacionais de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi).

No segundo semestre de 2021, ocorreu uma redução dos preços praticados pelas siderúrgicas, o que coincide com a importação de aço da Turquia. Contudo, a partir de janeiro deste ano o preço do aço voltou a registrar aumento.

Considerando julho de 2020 e julho de 2021, em um bloco de quatro pavimentos sem elevador, o aço representou cerca de 34% do aumento total. Já entre julho de 2020 a janeiro de 2022, o aço atingiu quase 22% do aumento total.

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Já de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o preço do aço no Brasil está relativamente caro quando avaliado o custo dos insumos da construção. O item tem impactado o setor, principalmente nos dois últimos anos após sofrer uma variação de 101%. Como base de comparação, desde 2020, outros insumos tiveram reajustes menores: cimento (+39%) e tijolo e peças cerâmicas (+46%). O próprio dólar variou 38% no período, enquanto o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 27%. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) da Fundação Getúlio Vargas.

O custo do aço no Brasil sempre foi um dos mais baratos do mundo, mas agora a situação mudou, principalmente quando comparado o poder de compra do brasileiro em relação aos imóveis. A pesquisa Numbeo, que representa a maior base de dados colaborativa sobre cidades e países do mundo, aponta que o metro quadrado brasileiro custa cerca de US$ 2 mil, enquanto o americano está na casa dos US$ 15 mil.

Para o presidente da Abrainc, Luiz França, o impacto do aumento do aço sobre o segmento Casa Verde e Amarela (CVA) é enorme pela magnitude do programa de moradia popular.

“Não é correto pensar que essa variação prejudique uma ou outra empresa. Isso é um grande erro, uma vez que o CVA, por exemplo, representa 80% de todas as moradias construídas no Brasil e, com isso, gera anualmente 1,4 milhão de empregos.”

O executivo reforça que uma redução no preço do aço permitiria que o setor ganhasse força e competitividade.

“A redução pode ampliar as possibilidades de compras de materiais para o setor da construção, podendo contribuir para atenuar a subida dos custos em um momento em que as famílias de baixa renda estão sofrendo com a alta inflação. A medida estimula não só a produção de moradias como a geração de postos de trabalho”, complementa.

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