Desde 2011, grande número de países vem desenvolvendo planos de adaptação e estratégias às mudanças climáticas. Na realidade, cabe à própria natureza nos proteger, daí a importância de preservação das florestas, dos rios e mares para diminuir os efeitos do aquecimento global que vem modificando a temperatura do planeta em decorrência das atividades humanas.
No entanto, muitos compromissos adotados não estão sendo cumpridos, e está cada vez mais difícil a possibilidade de adaptação humana às novas condições climáticas. Atualmente mais de 4 bilhões de pessoas no mundo sofrem com os impactos negativos das mudanças climáticas. Adaptação e resiliência exigem soluções imediatas de planejamento e financiamento com foco na produção de alimentos e agricultura, água e recursos naturais, zonas costeiras e oceanos, habitações e infraestrutura.
Toda a estrutura de planejamento para adaptação e resiliência às mudanças climáticas até 2030 foi compartilhada na COP 27 por meio da agenda (Sharm-El-Sheikh Adaptation Agenda). Essa agenda visa implementar medidas de redução de vulnerabilidades com a mobilização de diversos setores atuando em sintonia para reduzir riscos e desastres, com soluções transformadoras para evitar danos principalmente em regiões que mais sofrem com o aumento da temperatura do mar e nível dos oceanos, com tempestades e inundações, com variações extremas de temperaturas e erosão do solo. Exemplos inovadores podem ser vistos em países como o Peru, Maldivas, Gana, Costa Rica, Bósnia e Herzegovina, Índia, Quiribati, Albânia, Vietnã, EUA, dentre outros.
A necessidade urgente de adaptação foi debatida na COP28 ano passado e certamente será um tema em destaque na COP29 a ser realizada esse ano no Azerbaijão. Financiamento para perdas e danos além da importante colaboração de instituições não estatais e outras formas de investimentos em adaptação com a adoção de um objetivo global (The UAE Framework for Global Climate Resilience) foram intensamente tratadas na COP28.
O Brasil vem implementando sistemas de alerta e monitoramento, além de outras formas de adaptação como a irrigação com melhor aproveitamento das águas, com o uso das áreas desmatadas e de energias renováveis, além de outras medidas que podem evitar colapso na agricultura e preservar vidas.
Todavia, ainda com grande índice de desmatamento e sofrendo os efeitos do aquecimento global, os desastres climáticos estão se sucedendo com certa frequência no Brasil. O Estado do Rio Grande do Sul enfrenta o quarto desastre climático em menos de um ano. A situação atual decorre de tempestades e enchentes e já causou 32 mortes. Além do aquecimento global, o evento está também associado à passagem final do El Niño, além de outros fatores como o aquecimento do Atlântico, ventos do Pacífico, umidade da Amazônia, frentes frias da Patagônia e um domo quente no Centro-Oeste e no Sudeste, conforme divulgado. (in O Globo, 3/5/2024).
Entender os riscos e elaborar planos de adaptação de acordo com as necessidades de cada região do país serão um desafio para o Brasil. Para tanto será necessário, além do financiamento do governo e demais atores, ouvir comunidades locais e adotar decisões que levem em conta a situação nacional, daí a necessidade de intercâmbio de informações.
Adaptação e mitigação estão interligadas, e ainda que a adaptação ajude a salvar vidas, o importante é que o desenvolvimento seja feito de forma sustentável, preservando as florestas, os manguezais, os ecossistemas terrestres e costeiros, os oceanos, pois apenas dessa forma será possível estancar o ritmo acelerado do aquecimento do planeta e a evolução dos desastres climáticos. Importante ressaltar o papel de cada cidadão nessa verdadeira “corrida pelo clima”.