Adiposidade

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O discurso em que o senador Antônio Carlos Magalhães lembrou que o ministro Pedro Malan, em cinco anos à frente da Fazenda, nunca recebeu um pobre em seu gabinete coincidiu com o dia em que o país foi informado de que o sistema financeiro acumulou no primeiro semestre a maior rentabilidade de sua história, de 35,35%, e que o Itaú teve no mesmo período o maior lucro da banca já registrado no Brasil, de R$ 1,012 bilhão.
A confissão da preferência deste governo pela banca já fora explicitada poucos dias antes pelo próprio presidente FH, que admitira que os altos juros praticados pelo sistema financeiro constituem “apropriação indébita”. A genética tucana marcada pelo escapismo pseudamente refinado, porém, impediu que assumisse sua responsabilidade direta pela mais perversa transferência de renda da história nacional.
Demagogia e politiquices à parte, a cruzada eleitoral de ACM tem pelo menos um mérito: permitir ao país recolocar na agenda o combate à miséria, cuja crescente expansão já ameaça seriamente a paz social. E não pode haver caminho mais rápido para a retomada do desenvolvimento e da redistribuição da renda – únicas armas efetivamente eficazes nesse combate – que a troca da especulação tucana pela ênfase na produção e no trabalho.
Trilhada essa direção, será unânime a mobilização do sentimento nacional para fazer pagar quem não paga. Com os gordos lucros amealhados no reinado tucano, a banca e os especuladores instalados no país têm, para usar a linguagem do mercado, muita gordura para queimar.

Tementes
O tratamento depreciativo dedicado pela imprensa “chapa branca” ao novo governo da Venezuela é proporcional ao incômodo causado pelo surgimento de uma alternativa concreta ao neoliberalismo e com forte apelo popular.

Novidade privada
Funcionários antigos da Telemar (ex-Telerj) garantem que sinistro nas proporções do que ocorreu na estação da Barra da Tijuca nunca havia ocorrido antes no Rio de Janeiro em equipamento operacional. Nos anos 70, houve um grande incêndio na unidade localizada no bairro carioca do Jacaré, mas atingiu sobretudo áreas administrativas.

Branco no samba
O secretário Wagner Victer, de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado, não só freqüenta happy-hours no Centro da Cidade, como também costuma revelar seu lado artístico. Num certo bar da Rua do Ouvidor, atacou, embora um pouco desafinado e sem coordenação com os músicos, de Cavalgada e ainda exibiu-se, dizendo que canta “qualquer samba da Ilha”. Os cantores/compositores da Escola de Samba Ilha do Governador que se cuidem! E os passistas, também. Victer chegou até a ensaiar uns passinhos de samba no pé, sem muito sucesso. Até que não fez tão feio, não, mas, como diria o velho ditado, como cantor e sambista, Victer é um excelente secretário.

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Sucessão
Embora ainda haja muita água para passar por baixo da ponte, são cada vez maiores as esperanças dos aliados do governador Garotinho de reproduzir nas eleições para a Prefeitura a aliança que levou o pedetista ao Palácio Guanabara. Embora a aliança tenha pela frente duros testes, como a convenção do PT, em setembro, e as próprias resistências do PDT, o recente acordo fechado entre Garotinho e Brizola desanuviou bastante o ambiente nos bastidores pedetistas.

Rastilho de pólvora
A aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado do projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR) permitindo a renegociação das dívidas dos estados mostra a crescente receptividade do Congresso aos clamores dos governadores. Com a maioria dos governadores consciente da falta de condições de governabilidade e do risco de explosão social, caso o estoque da dívida dos estados não sofra sensível redução, e a proximidade das eleições municipais, a tendência dos parlamentares é cada vez mais se sintonizar com as bases e se distanciar do Planalto.
Divórcio à vista
O projeto substitutivo apresentado por Requião e aprovado pela CCJ permite, entre outros pontos, redução do comprometimento máximo da receita líquida estadual para pagamento da dívida com a União de 13% para 5%; fixa em 6% os juros anuais incidentes sobre a dívida, que serão calculados e debitados mensalmente; e determina prazo de 360 meses para o pagamento das prestações. Ou seja, tudo que a política de paralisia econômica determinada pelo FMI para o país não aceita. Resultado, o choque resultante da economia real com o delírio neoliberal anuncia graves e profundos conflitos políticos do tucanato com sua própria base de sustentação.
Plano Brady
Só faltou no substitutivo de Requião um item determinando a redução do estoque da dívida, proposta que começa a ganhar corpo no Congresso. O Plano Brady, para as dívidas externas, teve o mérito de reconhecer que os débitos, inflados por juros altíssimos, não poderiam ser pagos sem um desconto. Juros muito mais elevados multiplicaram por seis as dívidas dos estados, tornando obrigatório uma redução do estoque.

Impacto
Pessoas físicas já respondem por 32% do movimento da Bolsa de Nova York. No Brasil, esse número é de apenas 4%. Como outra gorda fatia do mercado de ações nos EUA é responsabilidade de fundos de pensão, pode-se imaginar o que ocorreria com a poupança da classe média – aposentadorias inclusive – se a bolsa sofrer uma forte correção. Alguns analistas, otimistas, acham que o mercado consegue se sustentar.

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