O impacto das gestões neoliberais na Petrobras, a partir de 2016, foi definido como “estrago monumental” pelo diretor Administrativo da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, em entrevista à rádio RBA Litoral. Siqueira lembrou que a volta de Pedro Parente à empresa como presidente – já que presidira o Conselho de Administração no mandato de Fernando Henrique Cardoso – se deu após visita de Michel Temer aos Estados Unidos, logo depois do golpe que destituiu Dilma Rousseff.
O diretor da Aepet estima que o prejuízo causado ao país e à Petrobras somente na gestão de Parente com vendas de ativos abaixo do preço chegam a R$ 100 bilhões. Quanto à política de paridade de preços de importação (PPI), Siqueira demonstrou que o lucro da estatal, de até 300%, é entregue a acionistas, através de absurdos dividendos, em detrimento da renda que é extraída do povo brasileiro.
Para Siqueira, a grande esperança é de que a nova gestão comece por restaurar o monopólio estatal sobre o petróleo. A Aepet defende também a reversão da venda dos ativos e a recompra da BR Distribuidora e das redes de gasodutos, vendidas a um preço que em pouco tempo será recuperado a partir da própria lucratividade dessas empresas.
Além da mudança na politica de preços, a Aepet avalia que a estatal deve reduzir a exportação de petróleo para agregar valor ao que é produzido no país. Para tanto, Siqueira frisou serem necessárias a recompra das ações negociadas em Nova York e a retomada do programa de conteúdo nacional.
“Quando havia incentivo às compras no mercado interno, a partir de um programa de nacionalização do qual participei ainda no governo Geisel, foram criadas 1,5 mil fornecedoras, que demandavam encomendas para outras 3,5 mil empresas. Chegamos a comprar 95% no mercado nacional. Mas FHC isentou o ICMS das estrangeiras, e as 5 mil empresas foram dizimadas ou compradas” pelas multinacionais, criticou, acrescentando que as últimas gestões abandonaram também os programas para a energia renovável.
Sem pouso suave
A Inflação dos Preços ao Consumidor Europeu (IPC) chegou a 9,2% ao ano, sem mudanças em relação ao mês anterior e em linha com as expectativas do mercado financeiro. O núcleo do IPC ainda está em 5,2% ao ano. “Portanto não deve ser uma surpresa ver pelo menos um, se não dois, os aumentos da taxa básica de 50 pontos-base pelo BCE [Banco Central Europeu] nas próximas duas reuniões”, opina Robert Schramm-Fuchs, gerente de Portfólio da consultoria Janus Henderson.
“O crescimento nominal do emprego continua muito forte, e a proporção de vagas em aberto versus candidatos a emprego permanece próxima de recordes. Consequentemente, a inflação salarial continua a tornar-se cada vez mais enraizada”, prossegue. “Para interromper o início de uma espiral de preços e salários, os bancos centrais provavelmente aceitarão uma recessão. As recentes esperanças do mercado de ações de uma aterrissagem suave e de evitar uma recessão podem ser equivocadas. Os riscos de uma recessão mais profunda e mais longa estão crescendo diariamente”, avalia Schramm-Fuchs.