AES Tucano Holding: R$ 300 milhões na 1ª emissão de debêntures

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Dinheiro (Foto: CC)

A Fitch Ratings elevou, nesta terça-feira, para ‘AA (bra)’, de ‘AA–(bra)’, o Rating Nacional de Longo Prazo da AES Tucano Holding II S.A. (Tucano II) e de sua proposta de primeira emissão de debêntures quirografárias (debênture sem privilégio), no montante de R$ 300 milhões, com prazo de 20 anos e fiança da AES Brasil Energia S.A. (AES Brasil). A Perspectiva do rating corporativo é estável.

A ação de rating reflete o fortalecimento da estrutura de capital e da liquidez da AES Brasil, controladora integral da Tucano II, após a entrada de R$ 1,1 bilhão em seu caixa oriunda de sua oferta primária de emissão de ações. Segundo a Fitch, os recursos permitirão que a empresa financie a construção de projetos eólicos sem pressionar seus indicadores financeiros. “Os ratings da Tucano II refletem o perfil de crédito consolidado da AES Brasil, tendo em vista os fortes vínculos legais, estratégicos e operacionais entre as companhias”, disse a agência de classificação em relatório.

A AES Brasil se beneficia da base de ativos de sua principal subsidiária, a AES Tietê Energia S.A. (AES Tietê, ‘AA (bra)’; Perspectiva Estável), no segmento de geração de energia, que apresenta risco de negócio de baixo a moderado. A classificação da Tucano II reconhece os vínculos operacionais entre sua controladora e a AES Tietê, offtaker e futura operadora de parques eólicos da AES Brasil, mas incorpora a limitada capacidade da AES Tietê em suportar eventuais necessidades dos projetos, por restrições em suas dívidas.

Fundamentos do rating

A Fitch explica que a fiança a ser prestada pela AES Brasil às debêntures propostas pela Tucano II estabelece um vínculo legal entre as duas e é o principal fator de classificação da empresa, que se baseia no perfil de crédito do grupo. A emissão deverá ser a única dívida da Tucano II. Os recursos serão aportados na construção de parques eólicos na Bahia, com capacidade total de 167 MW e geração esperada líquida de 72 MWm, a P-90. A entrada em operação está prevista para meados de 2022. A avaliação também incorpora os fortes vínculos estratégicos e operacionais entre as empresas. A AES Brasil controla integralmente Tucano II e seu offtaker intermediário, a AES Tietê, e tem na primeira um veículo para sua estratégia de diversificação em energias renováveis.

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Diversificação

O relatório da Fitch destaca que a AES Brasil apresenta robusta posição de negócios no segmento de geração de energia elétrica, principalmente a partir do diversificado portfólio de ativos operacionais da AES Tietê. Os novos investimentos em geração eólica e solar, que se darão fora da AES Tietê, mitigam oscilações sazonais de geração e reduzem a exposição do grupo a risco hidrológico. Até 2024, a energia hídrica deve deixar de ser a principal fonte de energia da AES Brasil em termos de capacidade contratada. Os complexos eólicos Tucano e Cajuína, em desenvolvimento, devem incrementar a atual capacidade instalada da AES Brasil, de 3,7 GW, em 547 MW até 2023, proporcionalmente às participações nos ativos. A expansão deverá ser puxada por vendas no mercado livre e pela crescente demanda por geração de energia via fontes sustentáveis.

Conforme o relatório, a AES Brasil precisa apresentar fluxos de caixa livres (FCFs) positivos, de modo a conseguir amortizar grande parte de sua dívida até 2032, quando terminará grande parte das concessões da AES Tietê. Tucano II e outros projetos de Cajuína devem acrescentar R$ 170 milhões ao Ebitda consolidado a partir de 2023. Até lá, o Ebitda do grupo refletirá o da AES Tietê, projetado em R$ 870 milhões em 2021 e R$ 1,0 bilhão em 2022. O cenário-base da Fitch considera investimentos de R$ 2,1 bilhões em 2021-2022, fortemente concentrados nesses projetos eólicos, e dividendos de cerca de R$ 460 milhões no mesmo período. A partir de 2022, os dividendos são estimados em 95% do lucro líquido. “A Fitch entende que os dividendos da AES Brasil são a principal fonte de recursos para servir a dívida de sua controladora direta, a AES Holdings Brasil, embora não haja vinculação de garantia. Sem considerar novos projetos, o FCF do grupo deve se tornar positivo a partir de 2023, com média de R$ 315 milhões em 2023-2024”.

O aumento de capital da AES Brasil alivia as pressões de implementação dos complexos eólicos Tucano e Cajuína sobre suas métricas de crédito consolidadas. A alavancagem financeira do grupo é impactada pelas recentes aquisições da AES Tietê e pela provável redução de cerca de 20% do Ebitda desta subsidiária neste ano, em função dos impactos da crise hídrica. O indicador dívida líquida/Ebitda ajustado é estimado em 4,7 vezes em 2021, 4,6 vezes em 2022 e em torno de 3,0 vezes nos anos seguintes, em base consolidada, desconsiderando novos projetos. A projeção da média desse indicador para 2021-2024 é de 3,8 vezes. Quase metade dos recursos previstos para implementação de Tucano e Cajuína deverá ser levantada pelas Sociedades de Propósito Específico (SPEs) junto a bancos de desenvolvimento, por meio de dívidas com prazo alongado, o que ameniza o impacto nos fluxos de caixa.

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