A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P) elevou a nota da dívida soberana brasileira de BB-, três níveis abaixo do grau de investimento, para BB, dois níveis abaixo. A S&P concedeu perspectiva estável, o que não indica alterações no rating do Brasil nos próximos meses.
A última vez em que a S&P havia elevado a nota da dívida brasileira tinha sido em 2011, no governo Dilma Rousseff, quando o Brasil passou da nota BBB- (grau de investimento) para BBB (um nível acima do grau de investimento). Desde então, o país tinha sofrido sucessivos rebaixamentos, tendo perdido o grau de investimento em setembro de 2015.
A elevação do rating do Brasil “é, de fato, uma notícia positiva. Apesar das ressalvas da agência sobre o progresso fiscal ainda ser lento, a melhoria está atrelada à aprovação da reforma tributária e aos indicadores econômicos em ascensão”, analisa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
“A inflação convergindo para 4,5%, o crescimento próximo de 3% este ano e a perspectiva para o próximo ano de 1,5%, segundo a agência, contribuem para essa avaliação. A robustez externa, com reservas de US$ 350 bilhões e um superávit na balança comercial, posiciona o Brasil entre os dez melhores resultados mundiais nesse aspecto”, explica Gala.
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Em nota, a S&P atribuiu a melhoria da nota brasileira à aprovação da reforma tributária, ocorrida na sexta-feira passada (15). Segundo a agência, a conclusão das discussões em torno da modernização do sistema tributário brasileiro amplia a trajetória de implementação de políticas pragmáticas no país nos últimos 7 anos.
A S&P, no entanto, adverte que continuam riscos para a economia brasileira, como as perspectivas de fraco crescimento econômico e de situação fiscal “débil”, o que justificou a perspectiva estável para a nota do país, jogando pressão sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele tem insistido na tese ortodoxa do déficit público zero, de forma a agradar o mercado financeiro.
“Isso reflete nossas expectativas de que o país fará progresso lento em enfrentar desequilíbrios fiscais e projeções econômicas ainda fracas, compensadas por uma forte posição externa e uma política monetária que está ajudando a reancorar as expectativas de inflação”, destacou o comunicado.
Desde janeiro de 2018, a S&P Global enquadrava o Brasil três níveis abaixo do grau de investimento, mesma nota concedida pela Fitch, outra das principais agências de classificação de risco. A Moody’s classifica o país dois níveis abaixo do grau de investimento, segundo a Agência Brasil.
Em nota, o Tesouro Nacional informou que a elevação do rating do Brasil confirma os esforços do Governo Federal para reequilibrar as contas públicas e fazer as reformas necessárias para a economia. Segundo o órgão, a melhoria na classificação do país resultará em queda dos juros e aumento do emprego no médio prazo.
“O Ministério da Fazenda reitera seu compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços. Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país”, destacou o comunicado.
A Bolsa de Valores fechou em alta, batendo o recorde alcançado na segunda-feira. Segundo a B3, o Ibovespa foi impulsionado pela elevação no rating da S&P e fechou com valorização de 0,59%, a 131.850,90 pontos.
O dólar caiu em relação ao real. A queda foi de 0,83%, cotado a R$ 4,865. No mercado internacional, o dólar também enfraqueceu no final do pregão desta terça-feira. O índice do dólar (DXY), que mede a moeda frente a seis principais pares, caiu 0,38%, para 102,167.
Com Agência Brasil
Matéria atualizada às 19h49 para inclusão do fechamento da Bolsa de Valores e do dólar