Ainda a decisão do Fed

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Alvaro Bandeira (foto divulgação)
Alvaro Bandeira (foto divulgação)

Ontem foi aquela quarta-feira sinistra de muitos indicadores de conjuntura, decisões de política monetária do Fed e também do Copom. Veio tudo exatamente como intuído pelos investidores e analistas, mas o tom piorou. Fico mais duro. Resultado disso, Bovespa encerrando com queda de 0,64%, aos 129.259 pontos, dólar em alta de 0,34% para R$ 5,06, Dow Jones perdendo 0,77% e Nasdaq com -0,24%.

Hoje os mercados acionários, dólar e juros ainda reverberam o comunicado mais duro dos bancos centrais sobre o futuro da taxa de juros. Bolsas da Ásia encerraram com comportamento misto (Tóquio em queda de 0,93%). Europa operando no campo negativo nesse início de manhã e futuros do mercado americano também registrando quedas. Aqui, o mercado deve seguir ajustando e pode até perder o patamar de 129 mil pontos, mas pode ensejar boas compras de ocasião, já que a tendência de mais médio prazo e longo segue sendo positiva.

O Fed manteve a política monetária estabilizada, mas deixou brecha para discutir a retirada de estímulos e também num prazo mais longo mexer nos juros, mas teoricamente só lá para final de 2022/2023. Aqui a alta da Selic em 0,75% para 4,25% abriu a possibilidade de em agosto ser repetida, ou até ampliada, pois, o consenso está migrando para taxa de 6,50% no final do ano, podendo ser ainda maior dependendo do encaminhamento de reformas e pressão inflação, inclusive pela crise hídrica.

Na União Europeia, começou o anúncio de uso dos recursos do fundo de recuperação da crise, que vai ajudar muito na recuperação da região. Na Zona do Euro, a inflação final de maio pelo CPI (consumidor) foi de 0,3% e na comparação anual com 2%, com o núcleo em +1%. Há também o alerta de ressurgimento da covid-19 pela variante Delta, muito mais contagiante.

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No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava leve queda de 0,06% (estava em alta mais cedo), com o barril cotado a US$ 72,11. O euro era transacionado em queda para US$ 1,19 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,56%. O ouro e a prata tinham fortes quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento também negativo na Bolsa de Chicago.

No segmento local, a MP da Eletrobras teve votação adiada para hoje, mas contém muitos “jabutis” colocados pela Câmara, também pelo Senado, e as entidades de classes dizem que a conta do consumidor vai ficar mais cara, enquanto o governo nega. O presidente Bolsonaro enviou pedido de crédito suplementar de R$ 164 bilhões para cumprir a regra de ouro que diz que não pode se endividar para cobrir despesas correntes. Por outro lado, a equipe econômica corre atrás de recursos para viabilizar o anúncio feito por Bolsonaro sobre o novo Bolsa Família, com média de dispêndio de R$ 300, que não tem espaço no teto de gastos.

A Fipe anunciou o IPC da segunda quadrissemana de junho com aceleração para 0,68%, vindo de 0,52%. Já a Moody’s se mantém pessimista com relação às reformas tributária e administrativa, não acreditando que saia até 2022. Também indica que a relação dívida/PIB deve ficar em 2021 em 88%.

A agenda do dia tem dados que também podem mexer com os mercados de risco, como o índice de atividade industrial de Filadélfia, pedidos de auxílio-desemprego na semana anterior e o índice de indicadores antecedentes do Conference Board. Com isso mercado aqui deve abrir ainda realizando, dólar em queda (apesar da alta externa e por conta do Copom) e juros em alta.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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