AL deve priorizar segurança e educação superior, sugere IPS

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O Índice de Progresso Social (IPS), divulgado nesta quarta-feira pela instituição global sem fins lucrativos Social Progress Imperative, sugere que os países da América Latina devem ter como meta priorizar o progresso social. O IPS indica ainda que as desafiadoras condições econômicas locais não devem necessariamente ser um obstáculo à melhoria de vida dos cidadãos.
O IPS 2016 – que classifica 133 países com base em seu desenvolvimento social e ambiental – foi criado por uma equipe cujo assessor principal é o professor Michael E. Porter, da Harvard Business School. Ele foi criado como um complemento a outros indicadores, com o objetivo de permitir uma compreensão mais holística do desempenho geral das nações pesquisadas.
De modo geral, os países da América Latina e do Caribe foram relativamente piores em suas colocações em relação à edição 2015 do levantamento, ao registrarem queda em índices comparados com seu poder econômico em uma faixa de medidas de progresso social. Esse recuo é percebido especialmente em relação à tolerância e inclusão e liberdade pessoal (itens avaliados dentro da chamada dimensão de oportunidade, uma das três medidas básicas empregadas pelo Índice). Seguindo esta linha de avaliação, o IPS mostra que os países da região têm baixa classificação em outras várias medições. As questões de segurança pessoal, em especial, são problemáticas, assim como o acesso à educação superior.
Os resultados do IPS na América Latina permitem que sejam identificados quatro grupos de países:
Países com pontuação 72 ou superior no Índice de Progresso Social. São os que apresentam menores desafios em termos de bem-estar social em relação ao contexto da região (Chile, Uruguai, Costa Rica Argentina e Panamá). O Chile foi o melhor colocado, com uma pontuação de 82.12;
Um grupo de cinco países ocupa a faixa intermediária de 70 a 72: Jamaica, Brasil, Colômbia, Peru e México;
Os dois últimos grupos estão abaixo da média dos países da América Latina. Equador, Paraguai, El Salvador e República Dominicana ficam com pontuação entre 65 e 70;
Por fim, países com déficits graves de bem-estar social, como Bolívia, Nicarágua, Venezuela, Guatemala e Honduras, têm pontuação no Índice de Progresso Social um pouco acima de 60.
Os resultados desagregados de progresso social no Brasil confirmam as tendências regionais: enquanto o país aparece inserido no grupo de médio-alto progresso social, na 46ª posição na avaliação média de todos os indicadores, ele aparece em 77º e 123º lugares, respectivamente, nos quesitos moradia e segurança pessoal.
Apesar disso, o Brasil lidera o grupo dos Brics, seguido por África do Sul, Rússia, China e Índia. Exceto o Brasil, cujo avanço social, na 46ª posição, é mais alto do que seu PIB per capita (54ª), todos os Brics têm baixo desempenho no IPS. Já em relação aos países da América do Sul, o Brasil ocupou a 4ª posição, ficando atrás de Chile, Uruguai e Argentina.
O perfil apresentado pelo Brasil demonstra desafios-chave para o progresso social nos próximos anos, particularmente na dimensão de necessidades humanas básicas. Nesse quesito, o país fica na 75ª posição no ranking global, com déficits importantes em segurança pessoal (ele aparece entre as 10 últimas posições do ranking) e também em cuidados médicos básicos e de moradia. Outros desafios para o Brasil envolvem, na frente de fundamentos de bem-estar, a necessidade de endereçar questões de acesso à informação e comunicações. Na dimensão de oportunidades, o país deve melhorar os índices relacionados ao acesso à educação superior.
Os resultados da edição 2016 do IPS mostram que, embora haja uma correlação entre o progresso social e o PIB, o crescimento econômico está longe de garantir avanços no campo social. Por outro lado, permitem verificar também que as nações podem continuar a melhorar a vida dos cidadãos, apesar das dificuldades econômicas enfrentadas por milhões de pessoas na América Latina.
Nas medições de nutrição e assistência médica básica, que levam em consideração indicadores como mortalidade infantil e morte por doenças contagiosas, os países da América Latina e do Caribe registram pontuação relativamente alta: O Chile lidera o desempenho da região nessa medida, com 98.07 (mas só fica em 42º do mundo) e a Bolívia tem a pior pontuação na região, com 84.16. Os países da América Latina apresentaram bom desempenho nas medidas de acesso ao conhecimento básico, que avaliam a alfabetização adulta e matrículas escolares, com classificação de 89/100. O país com melhor desempenho na região é a Costa Rica (33º), seguido de perto por Chile e Cuba (ambos na 35ª posição).
Outro ponto de destaque são os resultados relativos à água e saneamento, que incluem itens como acesso à água potável em geral e no meio rural, e acesso à instalações sanitárias e saneamento básico.
Os países da América Latina também têm bom desempenho com relação ao PIB em saúde e bem-estar, medição que avalia a expectativa de vida, obesidade ou a taxa de suicídio. Nove entre 21 países no total mensurado superam outros com PIB comparáveis. Dois países da região, de 133 países mensurados pelo Índice deste ano, classificam-se entre os 10 primeiros do mundo: Panamá (9º) e Peru (10º).

Pontos fracos – Segurança pessoal é um problema crônico em toda a América Latina. Dos 15 países com os piores registros nesse campo – que mede fatores como taxas de homicídio e mortes por tráfico -, oito estão situados na América Latina e no Caribe, inclusive o Brasil (123º). Nove países da região ocupam posições inferiores ao 100º lugar no mundo: Honduras (133º), Venezuela (132º) e El Salvador (130º), uma classificação particularmente baixa.
Acesso à educação superior é outro ponto fraco em toda a região. Este componente mede fatores como a igualdade de renda e de gênero na conclusão dos estudos e o contingente de alunos matriculados em universidades de alto nível localizadas em cada país. O líder da região na classificação – Argentina – alcança apenas a 36ª posição no mundo, com o Chile ocupando a 40ª colocação e o Uruguai, a 41ª.

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