AL pode liberar reservas estrangeiras para aumentar crescimento

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Dólar (Foto: divulgação)

Análise publicada na semana passada pelo time de economistas da Euler Hermes aponta que os países latino-americanos podem incorrer em um custo oportunidade de até 0,7% do PIB deste ano se continuarem mantendo o excedente das reservas cambiais (8,8% do PIB) em títulos do Tesouro americano. Essas reservas são usadas como proteção contra a volatilidade e os ataques especulativos, e têm sido a maneira da América Latina se precaver das desvantagens da liberalização financeira. Como resultado, toda região tornou-se menos vulnerável as crises financeiras que ocorreram entre os anos 1970 e 1990 (com exceção de Venezuela, Argentina e Equador).

No entanto, a economista Patrícia Romero, aponta que “os Bancos Centrais que detêm tais reservas em títulos do Tesouro dos EUA de baixo rendimento podem não estar empregando-as da maneira mais eficiente: estimamos que o custo oportunidade de não usar essas reservas para investimentos mais produtivos foi de, em média, 0,4% do PIB a cada ano nos últimos 15 anos, e pode subir para 0,7% do PIB ou US$ 34 bilhões em 2021”, explica.

O estudo simulou o impacto de uma parada repentina nas reservas “excedentes”. Na pior das hipóteses, um grande choque nas necessidades de financiamento ainda deixaria as reservas em torno de US$ 183 bilhões ou 3,8% do PIB deste ano (contra US$ 423 bilhões de dólares no cenário base). O custo oportunidade de manter as reservas em títulos de baixo rendimento em um cenário de choque seria de 0,3%.

De acordo com o estudo, a maior parte das reservas está no Brasil, México e Peru. No entanto, Patrícia Romero afirma que em caso de choque ou parada repentina, as reservas cambiais no Chile, Bolívia e Argentina não cobririam todas as necessidades de financiamento, e o Uruguai ficaria no limite.

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De acordo com a economista, redirecionar as reservas excedentes para investimentos produtivos de longo prazo ajudaria a América Latina a preencher sua lacuna de infraestrutura, aumentar a produtividade e, assim, melhorar o ambiente de negócios, criando mais oportunidades para as empresas.

“México, Brasil e Peru, em particular, têm potencial para fundos de desenvolvimento. Com menos vulnerabilidades, estruturas macroeconômicas mais estabelecidas e uma necessidade urgente de reiniciar a economia, agora pode ser o momento certo para os países latino-americanos redirecionarem parte de suas reservas para projetos mais arriscados”, afirma.

O estudo também aponta que usar os Fundos de Riqueza Soberanos para “estabilização” (destinada a isolar o orçamento e proteger contra a volatilidade dos preços das commodities) e “desenvolvimento” (para ajudar a financiar projetos ou políticas industriais que aumentem a produção econômica) faria sentido. Isto implicaria uma estratégia de investimento mais agressiva a longo prazo (carteira de maior rendimento) e uma mobilização de recursos para financiar o investimento em infraestrutura ou outras políticas estruturais.

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