Alerj aprova Medalha Tiradentes ‘post mortem’ a Eunice Paiva

Símbolo da luta pela democracia e direitos humanos, Eunice Paiva foi homenageada por proposta da deputada Dani Monteiro, do PSOL

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Deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ) lê discurso sobre Medalha Tiradentes em homenagem a Eunice Paiva na Alerj
Deputada Dani Monteiro (foto de Thiago Lontra, Alerj)Dani Monteiro (foto de Thiago Lontra, Alerj)

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quinta-feira, a concessão da Medalha Tiradentes post mortem à advogada e militante Eunice Paiva. A homenagem, proposta pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), reconhece a trajetória de Eunice na luta por memória, verdade e justiça após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar, na década de 70.

“Eunice Paiva é um símbolo da luta contra o autoritarismo e a brutalidade do Estado. Esta medalha não é apenas uma homenagem, mas um compromisso nosso com a memória e a verdade. Não podemos aceitar que tentem reescrever a história para apagar os crimes da ditadura. Defender a ditadura é um método de sordidez dos canalhas que tentam justificar torturas, assassinatos e censura para encobrir regimes autoritários. Não existe relativização possível. Ditadura nunca mais!”, enfatizou Dani Monteiro.

Eunice Paiva dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos, especialmente dos povos indígenas. Sua trajetória foi retratada no filme Ainda Estou Aqui, que emocionou o mundo e garantiu ao Brasil seu primeiro Oscar, de melhor filme internacional, além de ter sido indicado nas categorias de Filme e de Atriz, para Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva.

Ao final de seu discurso, Dani Monteiro também abriu coautoria a todos os deputados que quisessem e se referiu especificamente a dois decanos do Parlamento, os deputados Carlos Minc (PSB) e Luiz Paulo (PSD). Os dois atuaram como líderes contra a Ditadura Militar: “Nossos decanos representam em nossa Casa, vivos e empossados, a luta pela democracia”, concluiu a deputada.

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Emocionado, Minc ressaltou que a luta contra a ditadura precisa ser sempre lembrada. “Eu conheci alguns personagens do filme Ainda Estou Aqui. Tive a infelicidade de conhecer os cárceres da ditadura. Pessoas que negam isso precisam ter conhecimento do que aconteceu. Trago no corpo as marcas da tortura, não tenho ressentimento e nem guardo ódio, mas é preciso sempre lembrar”, frisou o parlamentar.

Luiz Paulo também lembrou desse período. “Em 1966, eu era estudante de engenharia. Muitos que se indignaram contra a ditadura sumiram e os corpos jamais apareceram, foram brutalmente assassinados. A senhora Eunice Paiva é uma heroína, que junto à sua família resistiu aos tenebrosos tempos da ditadura. Esse tema é absolutamente relevante para mostrar à sociedade brasileira o valor da democracia. Ditadura nunca mais”.

“O Brasil deve justiça às vítimas da ditadura. Enquanto tivermos voz, não permitiremos que os responsáveis por esse período sombrio sejam esquecidos ou relativizados. Eunice Paiva nos ensina que resistir é um dever. Lutaremos sempre contra a barbárie e contra quem insiste em tratar ditaduras militares como sonhos e golpes como possibilidades. Essa medalha é um ato de resistência”, declarou a Dani Monteiro.

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