A defesa que o presidente da Anatel, Pedro Jaime Ziller, faz da cobrança de assinatura pelas empresas de telefonia, aliada à recente decisão da Aneel que torna quase impossível que consumidores sejam ressarcidos por danos causados a aparelhos elétricos por falhas das companhias de energia são a melhor prova de que a autonomia das agências reguladoras não passa de balela: em 99% dos casos elas se aliam aos interesses das grandes empresas de seus respectivos setores, solapando o Código do Consumidor.
Paraí$o
Embora detenham 27,38% dos ativos do sistema bancário instalado no país, as instituições estrangeiras empregam apenas 16,7% da mão-de-obra entre os 50 maiores bancos. No setor privado nacional, a relação é de 36,9% dos ativos e 27,8% de emprego. Os dados constam de levantamentos da Confederação Nacional dos Bancários da CUT (CNB/CUT), que mostra ainda que os bancos estrangeiros têm demitido milhares de funcionários a cada ano, principalmente a cada aquisição e/ou incorporação.
Ainda segundo a pesquisa, os estrangeiros participam com 19,82% dos depósitos bancários, contra 36,6% dos bancos privados nacionais 36,6%. Os estrangeiros, porém, têm aumentado de forma contínua nesse segmento: em 1997, respondiam por apenas 7,54%, saltando 19% em 2002. No mesmo período, o setor privado nacional deteve 32,85% e 36,6%, respectivamente.
Inferno
O levantamento da CNB/CUT revela ainda que o lucro do ABN no Brasil representou 13,35% do ganho total da instituição no mundo. Para o Santander, o país foi responsável por 24,5% do lucro global. Já o lucro do HSBC no Brasil, de US$ 62,5 milhões, representou apenas 2% do ganho mundial de US$ 6 bilhões.
Apesar disso, em 2003, o ABN Amro, após adquirir o Sudameris, nono maior banco privado do país, demitiu cerca de 1.500 bancários. No Santander, as demissões atingiram 14 mil funcionários nos últimos seis anos. Em todo o Grupo Santander, que engloba Santander Banespa, Santander Meridional e Santander Brasil, 600 bancários perderam o emprego em 2004: “No debate sobre responsabilidade social, os bancos têm de incorporar em sua política o diálogo, a inclusão e a participação dos trabalhadores e sindicatos na elaboração e no desenvolvimento das ações sociais, possibilitando garantir o verdadeiro caráter de responsabilidade social aos bancos”, defende o secretário de Relações Internacionais da CNB/CUT, Ricardo Jacques.
Oportunidade$
Até R$ 10 bilhões este ano é a projeção otimista para as Parcerias Público-Privadas (PPP) que o escritório de advocacia Azevedo Sette faz. De acordo com a banca – que realiza hoje seminário sobre o tema na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) – as parcerias público-privadas tornaram-se uma via moderna para enfrentar o grande desafio de suplantar o déficit de projetos estruturados em áreas essenciais como transportes, energia, saneamento e saúde.
Porre
A partir de amanhã o álcool passa a ser uma commodity negociada na Bolsa de Valores de Nova York. Os produtores brasileiros festejam esse lançamento e prometem prestigiar o evento com uma caravana formado por usineiros. Eles contam com a crescente adoção de leis ambientais que obrigam o adicionamento álcool à gasolina, em percentuais que variam de 10% a 30%. Os usineiros brasileiro esperam transformar o país no maior exportador de álcool do mundo a curto prazo. A boa notícia fica só para os produtores. O mais provável é que a especulação que movimenta o mercado spot de petróleo rapidamente domine o de álcool, infinitamente menor.
Concentração
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse ontem, na Comissão de Educação do Senado, que a instituição deveria fazer um programa de financiamento para o papel de imprensa, desde que seja produzido no país. O financiamento, segundo ele, funcionaria como um estímulo a mais para ampliar os investimentos do Brasil no setor. O problema é que, a curto prazo, a única empresa que opera com papel jornal não tem como atender à demanda e novos investimentos só elevariam a produção em alguns anos.