Alimentação fora do lar tem queda em abril, mas cresce no quadrimestre

Faturamento caiu 0,2% no mês e interrompe cinco altas mensais, enquanto inflação de maio alcançou 0,50%; franquias do setor destacam-se na geração de vagas

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Garçom em restaurante (foto da Wikipedia, CC)
Garçom em restaurante (foto da Wikipedia, CC)

Em abril, a receita dos serviços de alimentação, oferecidos principalmente por bares e restaurantes, caiu 0,2% no Brasil, número que já desconta a inflação na comparação com o mesmo mês de 2023. A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e a consultoria Future Tank analisaram os dados gerados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e traçaram um panorama sobre o setor de restaurantes. A queda interrompeu cinco meses de alta consecutiva, divergindo do desempenho observado no setor de serviços como um todo em abril, que apresentou um crescimento de 5,6%. Foi o melhor resultado para o setor desde março de 2023, quando houve um crescimento de 6,5%.

No entanto, no primeiro quadrimestre de 2024, as receitas dos serviços de alimentação no Brasil cresceram 5,2%, quando comparadas ao mesmo período de 2023. Este bom desempenho é ainda mais significativo ao considerar a base já elevada do início de 2023, que registrou uma alta de 7,4%. O resultado acumulado de 2024 na alimentação também contribuiu para o crescimento da receita do setor de serviços como um todo neste início de ano, registrando aumento de 2,3%.

Os números da inflação também são relevantes. Em maio, o índice da alimentação fora do domicílio, medido principalmente em bares e restaurantes, cresceu 0,50% no Brasil. Este foi o trigésimo mês consecutivo de inflação. O aumento de preços do setor esteve alinhado com o índice geral da inflação brasileira em maio, que foi de 0,46%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).

Os preços da alimentação fora de casa aumentaram em maio em 12 das 16 unidades da federação pesquisadas pelo IPCA, com exceção de Maranhão (-0,34%), Pará (-0,21%) e Rio de Janeiro (-0,17%). Além disso, quase todos os produtos ofertados pelo setor de restaurantes registraram inflação em maio, exceto o cafezinho (-2,50%), o vinho (-1,94%) e os doces (-0,08%). Destaque para a cerveja, que teve o maior aumento de preços no mês: 0,95%.

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Por fim, no acumulado do ano até maio de 2024, o custo da alimentação fora do domicílio registrou alta de 1,99%. Esta variação de preços ficou abaixo do índice geral da inflação brasileira, que foi de 2,27%. Todas as 16 unidades da federação pesquisadas registraram inflação setorial neste ano. A maior variação foi no Distrito Federal com 3,49%, e a menor foi no Rio de Janeiro com 1,3%.

Segundo a 13ª edição da Pesquisa Anual Setorial de Foodservice 2024, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), em parceria com a Galunion, o segmento de alimentação (tanto foodservice quanto comércio e distribuição) fechou 2023 com crescimento de 19% no faturamento, com R$ 61,959 bilhões, além de um aumento de 12% no número de unidades, que passou de 40.520 operações para 45.709. O número de redes também registrou um incremento de 9%, passando de 857 para 938. Essa parcela do setor de franquias repetiu a dose no primeiro trimestre de 2024, com alimentação – comércio e distribuição crescendo 43,9% (com impacto da Páscoa no primeiro trimestre e excelente desempenho das chocolaterias) e alimentação food service crescendo 26,6%.

O levantamento deste ano contou com uma amostra de 64 marcas de alimentação, que juntas somam 11.260 pontos de venda, sendo 49% deles em estabelecimentos localizados na rua, 34% em shopping centers e 17% em centros comerciais. Também há uma grande variedade no tipo de culinária principal, com destaque para cafeterias/chás com 14%, variada/brasileira com 13% e asiática também com 13%.

Graças à diversidade dos tipos de negócio de alimentação no franchising, há uma variação no tíquete médio de acordo com o tipo de compra efetuada. 52% têm tíquete médio geral entre R$ 20 e R$ 50 e 62% no tíquete médio somente salão/balcão no mesmo intervalo. Já no delivery sem taxa de entrega, 59% têm tíquete médio entre R$ 50 e R$ 100 (77% com taxa).

Levando em conta dados que englobam a performance do segmento, 88% dos respondentes tiveram aumento das vendas em 2023, comparando com 2022. Entretanto, bem acima do mercado, 22% dos entrevistados registraram um crescimento superior a 15% no faturamento anual. Em relação aos lucros, 97% das empresas tiveram aumento na receita no ano passado, sendo que apenas 16% obtiveram um percentual acima de 15%.

Ainda tratando sobre custos, os dados mostram que as empresas continuaram sendo pressionadas de 2022 para 2023. O Custo de Mercadoria Vendida (CMV), que inclui descartáveis, custos logísticos e mão de obra direta, com base em valores sob faturamento bruto, passou de 34,4% em 2022 para 34,3% em 2023, praticamente se mantendo estável, com pequena variação de 0,1% sob as vendas. Já no pessoal passou de 18,9% em 2022 para 19,6% em 2023, uma variação maior, de 0,7% sob vendas. Já os custos de ocupação sob o faturamento bruto são de 16% para shoppings, 10% para pontos nas ruas e 13% para galerias e outros locais.

Ainda segundo o estudo, mostrando a importância e força desse canal de atendimento, que se tornou um hábito de consumo regular na vida dos brasileiros, o delivery é utilizado por 95% das redes entrevistadas, representando 31% do faturamento para quem adota este mecanismo. Neste levantamento, 57% das marcas ouvidas utilizam aplicativos próprios e de terceiro para o delivery, enquanto 43% usam apenas plataformas de terceiros para efetuarem as entregas. Com o iFood sendo a alternativa mais buscada para vendas por 100% dos negócios, outros canais como WhatsApp com 52%, aplicativo e próprio site com 41%, Rappi com 40% e Telefone com 34% também figuram na pesquisa. No comparativo sobre o crescimento no faturamento do delivery de 2022 para 2023, 76% tiverem um aumento, sendo que em 33% das redes o crescimento foi de mais de 10% neste canal.

Pensando no plano de expansão das redes de alimentação para este ano, a pesquisa quis mostrar quais modelos de negócios as marcas pretendem focar. Neste caso, 47% irão investir em quiosques ou lojas compactas, 38% em lojas em locais não tradicionais, 23% em lojas com menu reduzido e 20% em pontos de vendas avançados. Com relação aos novos canais de vendas que as empresas adotam ou pretendem adotar e monitorar atualmente, figuram o delivery com 70%, take away (retirada) com 50%, eventos/catering com 38% e vendas de produtos no varejo alimentar com 31%.

Com base nos investimentos que terão grande foco ao longo de 2024, levando em consideração a soma das três primeiras opções mais votadas, os quesitos que mais se destacaram foram valorização das equipes e treinamentos com 72%, gestão do negócio e da rede com 71%, e experiência do cliente, para que a jornada seja no local ou fora dele com 70%.

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