Alimentação fora do lar teve inflação de 24,7%; em casa, 39,1%

Apesar disso, gastos com alimentação fora de casa cresceram 7,3% em abril

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Bufê de self-service em restaurante (Foto: divulgação)
Bufê de self-service em restaurante (Foto: divulgação)

“Comer em bares e restaurantes em todos os estados brasileiros está mais barato do que para o público que opta por fazer as refeições em casa”. Esse foi o resultado da pesquisa publicada em abril pela Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp). Segundo a federação, entre 2020 e 2023, a inflação acumulada no segmento alimentação fora do lar ficou em 24,7%, e para quem opta por se alimentar em casa, o percentual alcançou 39,1%.

Para a especialista em negócios gastronômicos Bianca Fraga, esses números são reflexo de decisões tomadas pelos proprietários.

“Os bares e restaurantes estão segurando os preços e absorvido algumas perdas para reter a clientela fiel e ter preços atrativos para os novos clientes”, explica.

Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de março de 2024, no acumulado em 12 meses, os preços nos bares e restaurantes no Brasil cresceram acima da inflação geral. Porém, nos últimos quatro anos os proprietários não repassaram aos consumidores 14,4% do aumento dos preços dos alimentos e bebidas.

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Em maio de 2024, o IPCA foi de 0,46% e ficou 0,08 ponto percentual acima da taxa de abril (0,38%). No ano, acumula alta de 2,27% e, nos últimos 12 meses, de 3,93%, acima dos 3,69% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2023, os maiores impactos vieram de alimentação e bebidas (0,62%), com 0,13 p.p.

Segundo ela, os hotéis, bares e restaurantes não fizeram os ajustes nos preços dos cardápios de acordo com a inflação.

“Os estabelecimentos ainda estão se recuperando das elevadas perdas geradas durante a pandemia. Por isso, o aumento de preços no segmento alimentação fora do lar fechou muito abaixo do crescimento geral dos valores de bens e serviços consumidos pelos brasileiros”, completa a especialista.

Por outro lado, o Índice de Desempenho Foodservice (IDF), pesquisa realizada mensalmente pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB), apresenta os resultados de abril nas suas 19 redes associadas. Apesar de uma redução de patamar em comparação ao último mês, o crescimento nominal foi de 7,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Quando ajustado pela inflação (deflacionado pelo IPCA), o crescimento real também se mostrou positivo, alcançando 2,9%. Esse desempenho reflete o aumento acumulado nos primeiros meses deste ano, em que atingiu 10,9% nas vendas totais e 6,5% nas vendas reais, considerando o período de janeiro a abril de 2024.

A participação do canal delivery permaneceu em um patamar próximo ao do mês de março e representou 21,9% do total das transações. As vendas nos centros comerciais e lojas de rua também mostraram crescimento em abril, registrando 3,8% e 11,1%, respectivamente. Da mesma forma, o número de quiosques obteve aumento de 2,3% na comparação anual.

O tíquete médio apresentou um aumento de 1,3%, subindo de R$ 40,10 em abril de 2023 para R$ 40,60 em abril de 2024. Este incremento, embora pareça modesto, é significativo, considerando o contexto inflacionário. Além disso, o número de transações totais aumentou 4,3%, demonstrando uma recuperação no volume de vendas e no fluxo de clientes, embora ainda esteja abaixo dos 8% registrados nos dois meses anteriores.

A inflação acumulada dos últimos 12 meses para os associados do IFB foi de 5,1% em abril de 2024, uma queda em relação aos 8,4% registrados em abril de 2023. Essa redução contribuiu para a manutenção do poder de compra dos consumidores, favorecendo o desempenho do setor.

“As oscilações observadas são comuns e fazem parte da curva histórica do foodservice no Brasil e, mesmo nesse cenário, as redes analisadas apresentaram um crescimento maior que a média do mercado. O IFB continuará monitorando de perto esses indicadores, apoiando seus associados em prol do crescimento sustentável do setor”, explicou Ingrid Devisate, vice-presidente-executiva do IFB.

Em maio, o setor de bares e restaurantes registrou um aumento de 3,4% no volume de vendas em comparação a abril, conforme dados divulgados pelo Índice de Atividade Econômica Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)-Stone. A variação positiva é atribuída principalmente ao Dia das Mães, que impulsionou as vendas em muitos estabelecimentos. Na comparação com 2023, este mês foi o primeiro a apresentar alta no volume vendas, de 0,2%, indicando uma leve recuperação dos negócios em 2024.

De acordo com os dados, na comparação entre abril e maio, os estados que mais se destacaram foram Maranhão (6,7%), Roraima (5,3%) e Ceará (4,7%), refletindo um cenário de recuperação econômica. O Rio de Janeiro registrou um aumento de 2,9% em relação ao mês anterior e, pela primeira vez no ano, conseguiu igualar os resultados de 2023. Já São Paulo registrou um aumento de 3% em maio.

Entre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas dois registraram queda: a Bahia (-0,2%) e o Rio Grande do Sul (-5,4%), que enfrenta uma situação crítica em decorrência das enchentes que atingiram o estado. Após um declínio significativo de 6,9% em abril, os resultados de maio mostraram que os estabelecimentos gaúchos já sofrem impactos comparáveis aos observados durante a pandemia.

Matéria atualizada às 16h50

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