Alimentos pressionam festas juninas em 2024

Preços médios dos ingredientes das comidas típicas subiram 2,95% este ano, mais que o dobro dos 1,25% do índice oficial de inflação

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Bandeirinhas de festa junina (Foto: ABr/arquivo)
Bandeirinhas de festa junina (Foto: ABr/arquivo)

Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que os preços dos ingredientes e insumos para o preparo dos principais pratos e quitutes tradicionais das festas juninas aumentaram, em média, 5,74% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação ao consumidor medida pelo IPC-S registra aumento de 3,28% no mesmo período.

O levantamento considerou 27 itens alimentícios da cesta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/FGV) e mostrou que a batata inglesa subiu 60,66% nos últimos 12 meses, sendo a alta mais expressiva da cesta, enquanto o arroz, a maçã e a batata doce subiram 23,42%, 21,72% e 11,59%, respectivamente. Alguns itens aliviaram um pouco as altas relevantes, com destaque para a farinha de trigo, com uma queda de 15,47% no mesmo período.

Além da farinha de trigo, outros itens importantes para as festas juninas também registraram recuo nos preços: leite condensado (-13,98%), leite tipo longa vida (-7,22%) e milho de pipoca (-6,63%) foram alguns dos destaques com quedas em relação aos 12 meses anteriores. Outros destaques que subiram acima da média foram: açúcar refinado (10,30%), couve mineira (9,47%), açúcar cristal (7,82%), refrigerantes e água mineral (5,82).

“Apesar de os números mostrarem que a inflação geral está reduzindo seu ritmo de aceleração em 12 meses (3,28%), o que observamos é uma pressão não desprezível sobre os preços dos alimentos, especialmente sobre os itens mais tradicionais das festas juninas. Batata-inglesa, arroz e maçã são bastante utilizados na culinária junina e têm mostrado persistência na aceleração de preços”, explica Matheus Dias, economista do Ibre. Ele destaca que os efeitos climáticos desempenham um papel importante na dinâmica dos preços dos alimentos, principalmente daqueles in natura, que possuem maior sensibilidade às mudanças climáticas. “A batata inglesa tem sofrido com a quebra de safras anteriores e perda de produtividade, o que faz com que seu preço suba significativamente”, destaca o pesquisador.

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“Embora este ano a cesta tenha apresentado diversos produtos com queda de preços em 12 meses, nenhum deles foi capaz de compensar as respectivas altas acumuladas e registradas nas festas juninas de 2023, mostrando que o orçamento do consumidor não deixou de sofrer com a alta do período anterior”, pondera Dias.

Também pesquisa realizada pelo site OnlineCassino.com.br mostra que mitos dos ingredientes básicos que compõem as comidas típicas da festa junina, como leite condensado, amendoim, aipim, milho e canjica, tiveram aumentos de preços que variam entre 3% e 48% no último ano. Isso faz de 2024 o segundo ano consecutivo em que muitos desses preços aumentaram acentuadamente, muito acima da taxa oficial da inflação, de 1,25%. A única exceção foi o feijão, que teve uma queda de preço de 18% desde 2023.

Segundo o levantamento, um pacote de 500 g de canjica custava R$ 3,91 em 2022, R$ 5,79 em 2023, mas agora será necessário desembolsar R$ 8,25. Isso representa um aumento de preço de 42,4% em um ano e de 111% em dois anos. Já o preço de 1 kg de aipim, que havia diminuído de 2022 para 2023 – passando de R$ 5,74 para R$ 4,70 – agora aumentou pelo maior percentual entre os produtos típicos da festa junina, subindo de R$ 4,70, em 2023 para R$ 6,99 em 2024. Em termos percentuais, isso representa um aumento de preço de 48,72%. A única boa notícia para os brasileiros este ano é o preço do feijão, que caiu de R$ 10,78 em 2023 para R$ 8,79 em 2024, uma redução de 18,46%.

No ano passado, as festas juninas movimentaram cerca de R$ 6 bilhões no país, mobilizando mais de 26,2 milhões de pessoas e, neste ano, não deve ser diferente.

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