A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) informou que as enchentes no Rio Grande do Sul podem levar a um aumento nos preços dos alimentos, pois há o risco tanto de perda de produtos como também impactos no transporte de mercadorias.
Arroz, principalmente, e derivados do leite estão entre os produtos que devem ter os preços afetados, segundo a entidade.
“O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, e embora pouco mais de 80% da safra tenha sido colhida, ainda não dá para saber se os estoques foram atingidos ou quanto da parcela restante foi perdida”, diz a nota da federação.
De acordo com a Fecomercio-SP, os alagamentos e os danos à infraestrutura do estado podem atingir a logística do transporte de arroz e de frutas tradicionais da região, como uva, pêssego e maçã. Esta última, caríssima nos supermercados do país.
“A criação de gado para produção de leite, que deve ser impactada com a perda de vacas e pasto, além da ingestão, por esses animais, de água sem qualidade, em razão das condições atuais do local”, acrescenta a análise divulgada pela federação.
Apesar de enfatizar os problemas que devem afetar o abastecimento de alimentos, a Fecomercio estima danos sistêmicos causados pelas chuvas.
“A tragédia de Brumadinho, menor e mais localizada, provocou uma queda de 0,2% no Produto Interno do Brasileiro (PIB, soma de bens e de serviços produzidos no país) em 2019, mais de R$ 20 bilhões em valores atuais. No Rio Grande do Sul, é muito provável, infelizmente, que os danos causados tenham impacto ainda maior para o PIB nacional”, comparou.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul já contabilizou 100 mortes causadas pelas chuvas. Segundo o órgão, as inundações, deslizamentos e desmoronamentos afetam cerca de 1,45 milhão de pessoas em 417 municípios. Ficaram desabrigadas, 66,7 mil pessoas.
Importação
O presidente, Luís Inácio Lula da Silva, e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já confirmaram a importação de arroz para conter uma possível alta dos preços. De acordo com o ministro, perdas na lavoura, em armazéns alagados e, principalmente, a dificuldade logística para escoar o produto, com rodovias interditadas, poderia criar uma situação de desabastecimento, elevando os preços no comércio.
“Uma das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar especulação”, disse o ministro.
De acordo com Lula, os preços dos grãos já eram discutidos pelo Governo Federal antes dos temporais que atingiram a região nos últimos dias “porque estavam caros”, porque “a área plantada estava diminuindo e havia um problema de atraso na entrega”.
Com informações da Agência Brasil