Alinhamento

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Alinhamento
As inacreditáveis declarações da presidente da Agência Nacional Civil (Anac), Solange Vieira, considerando o transtorno causado pelo padrão Gol de serviços “um caso isolado”, não são apenas um desrespeito aos clientes da empresas. Acima de tudo, expõe, em questão capital, que, como norma, agências reguladoras estão mais para representantes das empresas junto aos consumidores do que vice-versa.

Terremoto Gol
Ao tentar minimizar os problemas enfrentados pelos clientes da Gol, Solange Vieira, que mantém laços estreitos com o clã de Nelson Jobim, atribuiu o caso “à falta de sorte, como o vulcão na Europa”. Em se tratando do padrão Gol de serviço, mais preciso seria classificar o problema a um terremoto.  

Birutas
O achatamento da qualidade dos serviços aéreos no Brasil tem participação direta do governo Lula, por deixar quebrar a Varig. Além de desconsiderarem uma visão estratégica indispensável para um país de dimensões continentais, os argumentos contábeis mobilizados para impedirem a quebra da companhia gaúcha viraram pó já no primeiro ano. Com a quebra da empresa e a falta de aéreas nacionais capazes de ocuparem esse espaço, a balança comercial da aviação brasileira amargou perda de US$ 1 bilhão, praticamente, o valor necessário para manter a Varig funcionando.

Substituído pelo quê?
David Zylberzstajn saiu das sombras para anunciar o temor de que o investimento no pré-sal possa “micar”, num momento em que o petróleo “pode passar a ser visto como um mal mundial” e ser substituído antes mesmo de terminarem as reservas. Quando o preço do barril do petróleo estava a US$ 25, em 1999, ano em que Zylberzstajn comandou a venda de áreas de petróleo em áreas de baixíssimo risco, talvez essa tese pudesse colar. Com o preço do produto variando na casa de US$ 80 e caminhando para US$ 150, tal afirmação só permite duas conclusões: ou o especialista conhece dados que ninguém mais no mundo sabe, ou faz lobby contra as mudanças na exploração do petróleo no Brasil.

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O país mudou
A segunda hipótese tem mais consistência. Zylberzstajn atacou o sistema de partilha, garantindo que adotam a concessão Noruega (na verdade tem um sistema misto), Canadá, Estados Unidos e Inglaterra. Optam pela partilha Venezuela, Irã, Iraque, Arábia Saudita, Líbia e Nigéria. “O Brasil está mudando de clube, associando-se ao segundo”, ironizou.
É verdade, o Brasil está mudando de clube. Deixou a companhia de países que dependem da importação de petróleo e vai se juntar ao dos grandes produtores – e detentores de suas estratégicas reservas.

Metal na cabeça
O ouro apresentou o melhor rendimento entre todos os investimentos no primeiro semestre: 19,5% – foi o único ativo a superar a inflação acumulada no período – e, pelo andar da carruagem, manterá a tendência no segundo semestre. Desde 2008, o ouro tem batido recordes sucessivos em suas cotações e, segundo o economista Adriano Benayon, da Universidade de Brasília (UnB), continuará se valorizando, pois o colapso da economia mundial segue em curso.

Riqueza essencial
Cerca de 50 cientistas brasileiros participam do livro Manejo e Conservação do Solo e da Água no Contexto das Mudanças Ambientais, lançamento da Embrapa Solos no próximo dia 11. Gratuita, a obra de 486 páginas apresenta resultados de pesquisas e é fonte de consulta de programas do governo na área.

Áfricas
Historiador amigo da coluna questiona a importação pelo Brasil da expressão afro-brasileiro, característica de sociedades de clara demarcação racial, como a estadunidense: “A África não é formada apenas por populações de negros. Quem assistiu à final da Copa da África, entre Argélia e Egito, por exemplo, não viu um único negro em campo. E, no entanto, todos 22 jogadores em campos também são africanos”, observa.

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