O retorno do custo padrão da energia elétrica em fevereiro – sem o bônus de Itaipu do mês de janeiro – pressionou o orçamento das famílias da Região Metropolitana de São Paulo. A pesquisa do Custo de Vida por classe Social (CVCS), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), aponta aceleração de 1,23% no período, uma taxa consideravelmente superior ao 0,06% registrado no mês anterior.
No acumulado dos últimos 12 meses, o custo de vida já subiu 5,29% na Região Metropolitana. As classes mais baixas foram as mais impactadas, com ênfase para a classe E, que viu os custos médios subirem 1,4% só em fevereiro, enquanto a classe A registrou alta de 1,1%.
A principal explicação para essa aceleração foi a alta no preço da energia elétrica, que subiu 19,7% no mês. Se, por um lado, é fator definitivo para a expansão do indicador, por outro, é pontual. Isso acontece porque, após o impacto do fim do bônus dado aos consumidores, a variação do custo de vida tende a ser mais moderada nos próximos meses. Entram nessa conta ainda os reajustes sazonais da educação e dos combustíveis, que já foram realizados. No entanto, a Fecomércio-SP alerta que isso não significa redução de preços, mas um ritmo de alta do custo de vida mais contido.
Ainda segundo o estudo, “como alguns grupos estão especialmente pressionados no acumulado de um ano, como os preços de alimentação e bebidas (7,57%) e transportes (6,06%). São produtos que pesam mais no orçamento dos mais pobres, que têm o orçamento mais dependente de comida e combustíveis.”
O encarecimento da energia afetou diretamente o grupo de habitação em fevereiro, que indicou aumento de 4,63%, contribuindo com 0,78 ponto porcentual (p.p.) para a variação geral. Como resultado, as classes de menor renda sofreram um impacto maior, já que esse segmento representa 5,04% do orçamento da classe E e 5,53% da classe D, enquanto para a classe A esse porcentual é de 2,99%.
Outro fator foi o grupo de educação, que registrou uma alta de 4,21% no mês, reflexo dos reajustes das matrículas escolares, um movimento sazonal esperado. O efeito foi mais relevante para as classes A (4%), B (4,41%) e C (4,11%), enquanto a classe E sentiu um aumento menor (2,48%).
O grupo de transportes, por sua vez, apontou um aumento de 0,26%, impactado pelo reajuste do ICMS sobre a gasolina (2,1%), o óleo diesel (3,5%) e o etanol (3,1%). Contudo, a queda expressiva nas passagens aéreas (-18,7%) ajudou a evitar um aumento ainda mais forte – assim como pesou menos no bolso das classes mais altas.
Dentre os demais grupos, artigos do lar (0,85%), saúde (0,17%) e comunicação (0,15%) também apresentaram elevações. Por outro lado, despesas pessoais (-0,38%) e vestuário (-0,28%) registraram queda, influenciadas pela baixa sazonal em serviços de turismo e itens de moda infantil.
O Índice de Preços no Varejo apontou aumento de 0,67% em fevereiro, registrando uma alta acumulada, em 2025, de 1,06%, variando 5,8% nos últimos 12 meses. No ano passado, o indicador acumulava 0,75%, entre janeiro e fevereiro, e 1,7%, entre março de 2023 e fevereiro de 2024.
O grupo de transportes obteve a maior alta (1,38%), com acumulado nos últimos 12 meses de 6,58%, pressionando, assim, o indicador. Já os grupos de despesas pessoais (-0,41%), vestuário (-0,28%) e saúde e cuidados pessoais (-0,07%) sofreram queda.
Já o Índice de Preços de Serviços avançou 1,81%, registrando uma alta acumulada no ano de 1,53%, variando 4,74% nos últimos 12 meses. Em 2024, o indicador acumulava 1,23%, entre janeiro e fevereiro, e 5,79%, no período de março de 2023 e fevereiro de 2024. Neste indicador, o grupo com a maior alta observada foi o de habitação (5,72%) – com acumulados, nos últimos 12 meses, de 4,78%, e, em 2025, de 2,08%, seguido pelos grupo de educação, com variação de 4,52% (os acumulados foram, nos últimos 12 meses, de 5,85%, e no ano, de 4,61%.
Na avaliação dos indicadores por estratos de rendimentos, as classes mais baixas (C, D e E) sentem o aumento dos preços de forma mais intensa do que as mais altas (A e B), pois as despesas das classes baixas e médias são concentradas em grupos de alta representatividade.
A variação foi de 0,46% no segmento de alimentação e bebidas contribuiu com 0,10 p.p. para o desempenho geral. Os alimentos com maiores pressões foram o mamão (16,1%), o café moído (6,3%), a cenoura (6,26%) e os derivados do leite (2,81%). Em compensação, a queda no preço da arroba do boi nas últimas semanas conteve o aumento das carnes, com reduções em cortes como contrafilé (-1,4%) e chã de dentro (-1,2%).
No Índice de Preço de Varejo, o referido grupo foi responsável pela segunda maior pressão expansiva, variando 0,72%. Os acumulados foram, nos últimos 12 meses, de 9,73%, e no ano, de 1,2%. No entanto, de maneira geral, as variações estão mais amenas.