A inflação do país foi de 0,46% em maio, acelerando em relação ao mês anterior (0,38%). Esse resultado foi pressionado pelos preços dos alimentos e bebidas, que subiram 0,62% na comparação com abril, influenciados, sobretudo, pela alta dos tubérculos, raízes e legumes (6,33%). Dentre eles, destaca-se a batata inglesa, com aumento de 20,61%, o maior impacto individual sobre o índice geral.
No ano, a inflação acumulada é de 2,27% e, nos últimos 12 meses, de 3,93%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje pelo IBGE.
O gerente da pesquisa, André Almeida, observa que a mudança das safras é um dos fatores relacionados ao aumento do tubérculo.
“Em maio, com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras”, diz.
Além da batata inglesa, outros alimentos com grande presença na mesa dos brasileiros também subiram em maio, com destaque para a cebola (7,94%), o leite longa vida (5,36%) e o café moído (3,42%). “O leite está em período de entressafra e houve queda nas importações. Essa combinação resultou em uma menor oferta. Em relação ao café, os preços das duas espécies têm subido no mercado internacional, o que explica o resultado de maio”, destaca o pesquisador.
Mesmo com essas altas, o preço da alimentação no domicílio (0,66%) desacelerou ante abril (0,81%). Esse comportamento é explicado pelas variações negativas de alguns alimentos, como as frutas (-2,73%). “O principal alimento com queda em maio foram as bananas: a maior oferta da banana d’água pressionou os preços da prata, e as duas baixaram. Isso ajudou a segurar o aumento da alimentação no domicílio”, analisa André.
Por outro lado, os preços da alimentação fora do domicílio (0,50%) subiram mais do que no mês anterior (0,39%), influenciados pela aceleração do lanche (de 0,44% para 0,78%). Já a variação da refeição (0,36%) ficou próxima à registrada em abril (0,34%).
Depois de alimentação e bebidas, o grupo que mais influenciou o resultado geral foi o de habitação (0,67%), com a alta da energia elétrica residencial (0,94%), o terceiro item de maior impacto individual sobre o resultado geral. O resultado é explicado pela aplicação dos reajustes tarifários em Salvador, Belo Horizonte, Campo Grande, Recife, Fortaleza e Aracaju. A taxa de água e esgoto (1,62%) e o gás encanado (0,30%) também contribuíram para a alta do grupo.
Já a variação de saúde e cuidados pessoais (0,69%) foi a maior entre os nove grupos investigados pela pesquisa. O resultado foi influenciado pelo aumento nos preços do plano de saúde (0,77%) e dos itens de higiene pessoal (1,04%), com destaque para perfume (2,59%) e produto para pele (2,26%). “Maio é marcado pelo Dia das Mães, que colaborou para o aumento de preços dos perfumes, artigos de maquiagem e produtos para pele”, avalia o gerente.
No grupo dos transportes (0,44%), a passagem aérea registrou a primeira alta do ano (5,91%) e foi o quarto item individual de maior impacto na inflação do país. Em abril, a deflação desse item foi de 12,09%. Além dele, em maio, houve alta nos combustíveis (0,45%), impactada pelo etanol (0,53%), pelo óleo diesel (0,51%) e pela gasolina (0,45%). Também subiram os preços do metrô (1,21%) e do táxi (0,55%).
Diante da tragédia ambiental que atingiu o Rio Grande do Sul desde o fim de abril, Porto Alegre foi a área de abrangência investigada pela pesquisa com maior variação do IPCA em maio. “A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, destaca André.
Dos 16 locais pesquisados, apenas Goiânia (-0,06%) teve deflação. Esse resultado foi relacionado ao recuo de preços da gasolina (-3,61%) e do etanol (-6,57%) no município.
Já a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 0,46% em maio, também acelerando em relação ao resultado anterior (0,37%). O resultado foi impactado pelos produtos alimentícios, que subiram 0,64% em maio, após a alta de 0,57% em abril. Já os preços dos não alimentícios variaram 0,40%, acima do registrado no mês anterior (0,31%).
“Em maio, o resultado do INPC foi igual ao do IPCA, e o comportamento dos grupos foi bem próximo. O de alimentos teve mais impacto [no INPC] por conta do peso maior desse grupo dentro do orçamento das famílias de mais baixa renda”, destaca André. O índice geral acumula aumento de 2,42% no ano e de 3,34% nos últimos 12 meses.
Entre as áreas de abrangência da pesquisa, a maior variação também ocorreu em Porto Alegre (0,95%), vinculada, assim como no caso do IPCA, às altas da batata inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%).
“O dados do IPCA acima do esperado, mostram um outro problema, além da inflação. Diversos financiamentos imobiliários estão sendo corrigidos pelo IPCA. Isso prejudica a parcela de quem já está financiando um imóvel ou um lote e prejudica também as vendas dos novos empreendimentos. Além disso, fica cada vez mais claro que o Banco Central deverá encerrar o corte de juros, o que também é ruim para o mercado imobiliário. Vale ressalta que, mesmo com estes fatores adversos, os imóveis na planta tendem a se valorizar acima do IPCA”, avalia Alex Andrade, sócio da Swiss Capital Invest.
Já para Volnei Eyng, CEO da Multiplike, “a situação acima da expectativa de IPCA veio principalmente porcionada por alimentos, bebidas, habitação, combustível e transporte. Precisamos lembrar que, transporte e gasolina deixam um evento de cauda que costumam gerar um aumento na spróximas projeções. Precisamos entender que esse número no teto da projeção vai deixar reflexo na reunião da semana que vem da Selic, tirando as esperanças de corte. Com certeza joga um balde de água fria porque a expectativa na redução da Selic de 10,5% para 10,25%. Também tira a expectativa dos investidores de engrenar uma oportunidade na bolsa, que vem caindo em 2024. Com certeza também deve deixar a bolsa desafiadora e trazer o investidor para os investimentos de renda fixa, como os fundos de crédito e FIDICs. Se aproximando do teto e acima do centro, com certeza na reunião de semana que vem, o Banco Central deverá ser unânime pela manutenção da taxa e interromper o corte que venha desde o início, desde julho de 2023. Vale ressaltar que, a subida forte do dólar, também pressionará a inflação nos próximos meses.”
Com informações da Agência de Notícias IBGE
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