Amcham diz esperar que Brasil e EUA busquem preservar comércio bilateral

Já a Associação Brasileira do Alumínio manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada

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Semiacabado de aço (Foto: reprodução)
Semiacabado de aço (Foto: reprodução)

O governo dos EUA anunciou anteontem a decisão de aplicar sobretaxas de 25% sobre as importações americanas de aço e alumínio de todas as origens. A medida, justificada por razões de segurança pública (Seção 232), revoga quotas de importação e isenções prévias, e está prevista para entrar em vigor a partir de 12 de março.

A decisão tem o potencial de afetar significativamente as exportações brasileiras desses setores. Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 5,7 bilhões em aço e ferro para os EUA, principal destino das exportações brasileiras. No mesmo ano, o Brasil exportou US$ 267 milhões em alumínio para o mercado americano, equivalente a 16,7% das vendas globais brasileiras, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a indústria siderúrgica brasileira possui significativo grau de integração com os EUA. Em 2024, as empresas brasileiras importaram US$ 1,4 bilhão em carvão siderúrgico americano, utilizado para a produção do aço no Brasil. Além disso, o aço brasileiro é um insumo estratégico para a indústria americana. O Brasil, por sua vez, importa um volume relevante de bens fabricados com aço nos EUA, incluindo máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação. Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras desses produtos de origem norte-americana.

Em nota, a entidade diz que “a Amcham Brasil espera que os governos do Brasil e dos EUA busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral, que tem registrado recordes nos últimos anos, com ganhos para ambas as economias e expressivo superávit para o lado americano. De acordo com as estatísticas americanas (US ITC), os EUA registraram superávit de US$ 7,3 bilhões com o Brasil em 2024, um aumento de 31,9% em relação a 2023. Esse valor representa o sétimo maior saldo dos EUA com um parceiro individual naquele ano.”

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Já a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos EUA, que pretende impor um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio.

“Apesar do anúncio público da medida feito na segunda-feira à noite, até o momento, o Decreto Executivo com os detalhes das medidas a serem aplicadas sobre o alumínio ainda não havia sido publicado no site do governo americano. Portanto, ainda não está claro se essa nova tarifa substituirá a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%. E, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump, desta vez não haverá exceções ou isenções para nenhum país.”

Segundo a associação, os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa.

“Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos 1%, os EUA é um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal. O que movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os EUA foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume. Além dos impactos na balança comercial, preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais.”

A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais.

“Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional. Cenários desafiadores como este requerem sensibilidade e diálogo na construção de soluções que não são simples, mas que levem em consideração a necessidade de evitar disrupturas no suprimento de produtos e materiais estratégicos para a economia brasileira. A Abal está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo, garantindo um ambiente mais competitivo para a indústria do alumínio brasileira”, diz a entidade.

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