Conversamos com Paulo David, CEO da AmFi, sobre a operação de antecipação de recebíveis desenvolvida pela fintech.
O que faz a AmFi?
Numa visão bem sintética, a AmFi tem ajudado os originadores a tokenizar seus recebíveis e distribuí-los no mercado de capitais.
O que é um lending pool?
Um lending pool é um conjunto de contratos inteligentes que foram desenvolvidos com a nossa tecnologia proprietária. Esses contratos estão integrados à nossa plataforma, que, por sua vez, está integrada a todo o ciclo de vida de uma operação de antecipação de recebíveis.
Como nós montamos uma securitizadora, cada um dos contratos inteligentes é representado por um CNPJ à parte e possui patrimônio separado, o que traz para o mercado muito mais segurança e eficiência, já que reduz custos e intermediários, o que facilita o acesso de empresas e investidores ao mercado de capitais privado.
Que tipos de empresas e investidores podem utilizar a estrutura de antecipação de recebíveis da AmFi?
Na ponta dos originadores, nós estamos trabalhando com fintechs, gestores de crédito e marketplaces de antecipação de recebíveis. Qualquer empresa que trabalhe com esse tipo de operação, tenha histórico e passe pelo nosso processo de KYC (Know your Customer) pode acessar a nossa plataforma para construir uma operação usando a nossa tecnologia.
Com relação aos recebíveis, nós temos feito operações com, principalmente, cartões de crédito, cédulas de crédito bancário (CCB), duplicatas, que estamos trabalhando de uma maneira bem escalável, e ativos judiciais.
Na ponta dos investidores, nós estamos atuando em três nichos: institucionais, qualificados e de varejo, que podem acessar a nossa plataforma de investimentos. Nós estamos abrindo um quarto nicho que é formado pelos investidores internacionais.
O que levaria um originador a utilizar a estrutura da AmFi?
Existem dois grandes ângulos para os originadores. O primeiro é que essa estrutura faz com que tenhamos reduções de até 20% tanto nos custos de montagem das operações quanto nos custos de capital.
O segundo é que no Brasil só vale a pena acessar o mercado de capitais com uma operação a partir de R$ 20 milhões. Para qualquer valor abaixo disso, não vale a pena montar um veículo próprio como um fundo estruturado.
Como somos muito mais leves na questão de custos, conseguimos ter acesso a oportunidades que, eventualmente, não teriam acesso ao mercado de capitais. Vale destacar que existem originadores de recebíveis que são espetaculares, com níveis de inadimplência baixíssimos, supercontrolados e eficientes, mas que ainda não acessam uma originação de pelo menos R$ 20 milhões mensais.
Como vocês pretendem trabalhar com crowdfunding?
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) trouxe a visão de que os tokens de recebíveis não só poderiam ser estruturados através de uma securitizadora, como poderiam ser distribuídos publicamente através de crowdfunding.
A ideia é que dentro do grupo societário da AmFi nós tenhamos a tokenizadora, a securitizadora, que cria as operações estruturadas, e a plataforma de investimentos, que será utilizada toda vez que fizer sentido distribuir uma operação para investidores de varejo ou investidores qualificados. Essa estratégia é paralela à distribuição privada para investidores institucionais.
Quando nós falamos de uma antecipação de recebíveis, o crowdfunding tem uma limitação de R$ 15 milhões, que já estamos discutindo com a CVM. Para equity, como um investimento em uma startup, esse valor, às vezes, não é muito, mas para uma operação estruturada de crédito, é. A CVM aplicou o mesmo chassi do equity para a distribuição de operações tokenizadas.
Para que tenhamos mais claro, num lending pool de R$ 1 milhão, o valor investido fica num contrato inteligente com uma conta corrente específica da operação. Toda vez que o originador trouxer uma operação, ela só é liberada pelo nosso sistema se os seus requisitos forem atendidos. Com relação ao repagamento, todo o processo de conciliação e cobrança está integrado pela AmFi.
Matéria atualizada dia 12/09 às 05h48 para inclusão de conteúdo
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