Para Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, a divulgação nesta quarta-feira do IPCA de fevereiro, com alta de 1,31%, expõe uma inflação persistente e com pressões concentradas em setores estratégicos, como habitação e educação, que juntos representaram mais de 92% do índice do mês.
“Embora o número tenha vindo em linha com as expectativas do mercado, não há como minimizar o impacto da inflação elevada, especialmente diante de um cenário onde a taxa Selic já se encontra em patamar restritivo. A influência de choques sazonais sobre a inflação corrente não pode ser ignorada, mas tampouco deve ser usada como justificativa para um afrouxamento prematuro da política monetária”, explica o analista.
Segundo ele, a resiliência da inflação de serviços e a alta acumulada de alimentos em 12 meses reforçam que o Banco Central não pode baixar a guarda. “Ainda que os núcleos tenham apresentado leve arrefecimento, a trajetória inflacionária segue desafiadora, exigindo cautela nas próximas decisões do Copom. A pressão sobre o consumidor permanece elevada e a condução da política monetária deve priorizar a convergência da inflação para a meta de forma sustentável, evitando armadilhas de curto prazo que comprometam o equilíbrio econômico de médio e longo prazo”, ressalta Bento.