É unanimidade no mercado a manutenção da Taxa Básica de Juros, a Selic (hoje em 13,75%) quando o Comitê de Política Econômica (Copom), do Banco Central, encerrar a reunião de dois dias nesta quarta-feira. A ideia que vigora é que a taxa comece a cair nas próximas reuniões. O Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), por exemplo, acredita que a Selic deve encerrar o ano a 12,75%
Os economistas revisaram as projeções para cima pela quarta vez consecutiva (no relatório anterior, divulgado em janeiro, haviam apontado que os juros encerrariam o ano a 12,50%). O início da trajetória de queda da taxa foi postergado: a expectativa é que aconteça em outubro e não mais em setembro.
Lucas Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, acha possível que o Banco Central deixe claro no comunicado alguma sinalização sobre a queda na taxa de juros caso o arcabouço fiscal se mostre fiscalmente responsável: “Caso contrário, não tem como esperarmos que a taxa Selic cairá no curto prazo”.
A pressão do governo para uma diminuição de juros é grande, segundo Apolo Duarte, planejador financeiro e sócio da AVG Capital. Mas, de acordo com ele, não haverá uma queda de juros nessa reunião. “Por outro lado, podemos ter uma sinalização de início de queda para as próximas reuniões”, diz.
Para Daniel Biolo, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, o Banco Central deve se manter cauteloso em manifestar qualquer previsão na redução da taxa de juros, muito em função do cenário inflacionário doméstico, juros globais e também pela incerteza no mercado de crédito brasileiro.“Levando em consideração os fundamentos, não vemos espaço para taxa cair ainda este ano”, declara.
O grupo de economistas da Anbima diz que a projeção para a inflação foi mantida em relação ao relatório anterior e o indicador deve encerrar o ano em 5,8%. A avaliação dos economistas é de que os resultados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) indicam desaceleração gradual dos preços, ainda com resiliência do segmento de serviços.
Na avaliação do colegiado, os recentes eventos envolvendo bancos dos Estados Unidos e da Europa não devem desencadear uma crise sistêmica. Parte dos economistas, entretanto, acredita que pode haver impactos na atividade econômica. “O entendimento é que o canal de crédito deve ficar mais seletivo diante de um período de aversão ao risco”, afirma David Beker, vice coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima.
O grupo revisou para cima a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2023, de 0,20%, indicado no relatório de janeiro, para 0,70%. A estimativa para 2023 também subiu de 0,75% para 0,90%.
Em relação ao câmbio, a expectativa do colegiado é de que o real mantenha trajetória de valorização ao longo do ano. A estimativa para a taxa no fim de 2023 foi reduzida de R$ 5,30 para R$ 5,25. Caso concretizada, corresponderá a uma valorização de 5,9% do real no ano.
O Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima é composto por 25 economistas de instituições associadas à Anbima. Eles se reúnem a cada 45 dias, em média, sempre na semana que antecede a reunião do Copom, para analisar a conjuntura econômica e traçar cenários para os mercados brasileiro e internacional.
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