Anunciada a clonagem de embriões humanos para fins humanitários

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(dos jornais de 26 de novembro).
Preocupa e estuda-se a proibição de clonagem de embriões humanos
(dos jornais do dia seguinte).

Duas faces da mesma empresa. No dia 8 de novembro, a Volkswagen anunciou a demissão súbita de 3 mil trabalhadores, dos 16 mil da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Representaria a demissão de pouco menos de 20% da sua força de trabalho. O aviso chegou pelo correio, enquanto os trabalhadores estavam de licença remunerada de três dias.

– Em questão diversos aspectos de responsabilidade social. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse que o sindicato sequer foi comunicado das demissões, apesar de estar em processo de negociação coma empresa, acusada por ele de covarde e retrógrada.

– O presidente da Volkswagen, Herbert Demel, admitiu negociar as demissões mas indignou-se com a ausência de flexibilidade para uma empresa que oferece “os maiores salários e os maiores benefícios sociais”. Referia-se à proposta da empresa de redução proporcional para salários e jornada de 15%, compensada pela participação nos lucros e resultados que a empresa oferece, mais reajuste salarial na data-base e do banco de horas.

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– Frente às demissões, a empresa não consultou os representantes dos trabalhadores, não discutiu alternativas de contenção e redução de despesas com os colaboradores, não ofereceu programa de demissão voluntária atraente, não negociou prioridades de demissão, como idade ou número de dependentes, não ofereceu apoio aos demitidos, recolocação, recapacitação, nem extensão de benefícios a todos os demitidos.

– As demissões, seguidas de greve, ocupação e negociação com a matriz na Alemanha, caminham para um final semi-feliz. Trata-se da possibilidade de readmissão dos demitidos, ainda que às expensas dos empregos terceirizados. Terceirizado não tem sindicato forte, o ministro do Trabalho não opina sobre quem deve conduzir as negociações, nem vai à Alemanha conversar com a matriz.

– A outra face. Menos de uma semana depois, a Volkswagen anunciou que uma bromélia fibrosa nativa da Amazônia, a curauá, está pronta para cultivo em escala, com vistas a substituir parte dos materiais sintéticos utilizados na confecção de estofamentos e encostos de bancos, melhorando o ciclo de vida dos seus produtos.

– O primeiro cultivo em larga escala deverá começar no município de Tomé-Açu e o empreendimento envolve a Embrapa, principal parceira no desenvolvimento de mudas melhoradas, que está ensinando a cerca de 240 pequenos produtores técnicas de plantio na região metropolitana de Belém.

– Um hectare de carauá pode render 3 toneladas de fibra, vendida hoje a R$ 0,70 o quilo. No primeiro plantio, o custo de produção está estimado em R$ 1,8 mil e oferece duas colheitas por ano.

– A Universidade Federal do Pará mantém o Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema) que já trabalha com a Daimler-Chrysler na Ilha de Marajó, produzindo matéria para o encosto dos bancos dos carros Classe A (Juiz de Fora), a partir da fibra do coco, há quase dez anos. Assim caminha a empresa-cidadã.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Correio eletrônico: [email protected]

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