O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o apagão de energia nesta terça-feira ocorreu em 25 estados e no Distrito Federal; apenas Roraima não foi afetado, por não fazer parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). A falha trouxe à tona os alertas contra a privatização da Eletrobras.
Cerca de 27 milhões de pessoas foram atingidas, o que representa um terço dos consumidores brasileiros. A falta de energia elétrica começou por volta das 8h30, após sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará.
Cerca de 45 minutos depois, boa parte do sistema havia sido restabelecida. No Norte e no Nordeste, o fornecimento voltou às 14h49.
Energia deve ficar com Estado, assim como saúde e educação
Em entrevista coletiva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez críticas à privatização da Eletrobras, que detém a maior parte da geração e transmissão no Brasil.
“Eu seria leviano em apontar que há uma causa direta [desse evento] com a privatização da Eletrobras. Mas a minha posição sempre foi a de que um setor como este deve ter uma mão firme do Estado brasileiro, como saúde, segurança e educação”, disse.
PT defende anular privatização da Eletrobras
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, tuitou: “Faz tempo que não se falava em apagão e ele acontece justamente agora, depois de um período de desinvestimento que precedeu a privatização da Eletrobras e foco nos ganhos financeiros, inclusive com a demissão em massa de empregados capacitados e preparados para atender a empresa.”
“A gente cantou a pedra, privatização resultaria nisso. Energia é questão de segurança. Por isso, muitos países estão reestatizando suas empresas”, finalizou a presidente do PT.
Silveira disse que o apagão de energia elétrica foi um evento extremamente raro e solicitou ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investiguem com detalhes as causas da falta de energia.
As apurações também estão sendo feitas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, disse o ministro.
Apagão de energia não ocorreu por falta de suprimento
O governo já sabe que houve na manhã desta terça-feira uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará, o que fez com o que o sistema entrasse em colapso nas regiões Norte e Nordeste. Quando isso ocorreu, o ONS modulou a carga que estava sendo enviada para o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste, como forma de proteção, o que fez com que a energia fosse reduzida nessas regiões. Houve pelo menos 16 mil megawatts (MW) de interrupção de energia.
Segundo o ministro, o ONS ainda avaliará se houve outro evento no mesmo horário, em outro local do país. Silveira destacou que o país trabalha com um sistema de energia redundante e, para que tenha havido uma interrupção dessa magnitude, devem ter ocorrido dois eventos ao mesmo tempo.
“Graças à robustez do nosso sistema, para que haja um evento dessa magnitude, há de se haver uma redundância de fatos relevantes”, disse. A previsão é que, em 48 horas, o ONS aponte o que fez com que o sistema tivesse tido essa interrupção.
O ministro explicou que o ocorrido hoje não tem nada a ver com o suprimento e a segurança energética do Brasil. “Vivemos um momento de abundância nos reservatórios”, destacou Silveira, lembrando que recentemente o Brasil exportou energia para a Argentina quando os reservatórios de Itaipu e Furnas estavam vertendo água.
Matéria atualizada às 08h09 para inclusão de dados
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